Passe social mais barato atraiu 40 mil idosos em Lisboa e Porto

01 de novembro 2019 - 22:20

A redução do preço e o aumento do alcance geográfico do passe social para maiores de 65 anos melhorou a mobilidade e a qualidade de vida dos idosos.

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Paragem de autocarro
Foto de Paulete Matos.

A aposta na redução dos preços dos passes sociais tornou possível que hoje, por 20 euros mensais, os maiores de 65 anos ou reformados e pensionistas com rendimento do agregado igual ou inferior ao salário mínimo possam viajar por toda a área metropolitana de Lisboa ou Porto. A edição desta sexta-feira do semanário Expresso revela que desde a aplicação da medida, o número de passes +65 vendidos aumentou 35% na Grande Lisboa, ultrapassando a fasquia dos 100 mil, e 56% no Grande Porto, com 36 mi passes +65 vendidos em setembro. Ao todo, a medida atraiu mais cerca de 40 mil idosos, dizem os dados enviados pea Área Metropolitana de Lisboa (AML) ao Expresso.

A AML acrescenta que a informação dos vários operadores de transportes aponta para um aumento de tráfego fora das horas de ponta e aos fins de semana, atribuindo esse aumento à maior presença de passageiros idosos.

O acesso mais barato aos transportes públicos e a possibilidade de fazer trajetos muito mais longos, com deslocações a outras cidades, trouxe também melhor qualidade de vida. “Sair de casa permite adiar o declínio progressivo resultante da idade”, disse ao Expresso o coordenador de um projeto de investigação sobre mobilidade urbana dos idosos na Universidade de Coimbra. Para Miguel Padeiro, a perda de autonomia nas deslocações aumenta a probabilidade de desenvolvimento de sintomas depressivos “num intervalo de um a dois anos”.

O acesso facilitado ao lazer, à oferta cultural ou mesmo “a serviços públicos como os cuidados de saúde” são outros aspetos sublinhados por Pedro Moura Ferreira. Também em declarações ao Expresso, o investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa reconhece o “impacto muito grande” que os passes mais baratos têm no aumento de participação social dos idosos e na sua qualidade de vida, “além de lhes permitir manter o contacto social, combatendo a solidão”.