As propostas gregas alternativas ao corte de salários e pensões não agradaram ao FMI.
“Essa postura estranha parece indicar que ou não há interesse num acordo ou que há interesses especiais a serem protegidos”, afirmou o primeiro-ministro da Grécia ao fim da manhã na sua página no Twitter.
O FMI nunca fez segredo em apostar em mais cortes nas pensões e nos salários em vez do aumento de impostos para as empresas e os rendimentos mais altos proposto agora por Atenas.
Segundo o Wall Street Journal citado pelo “Jornal de Negócios”, os credores, ou pelo menos o FMI, não querem o aumento do IRC de 26% para 29%, proposto pelo governo grego e também estão contra a introdução de uma taxa especial de 12% sobre os lucros das empresas.
Os credores exigirão ainda mais alterações no IVA, sobretudo que mais produtos e serviços passem para 23%, nomeadamente a restauração, e pretendem que o desconto do IVA nas ilhas gregas acabe.
O principal da discordância continuará a ser sobre as pensões, com os credores, em particular o FMI, a insistirem em novos cortes.
Os credores terão apresentado uma contraproposta ao governo grego, que a rejeitou.
Apesar do novo impasse nas negociações, a reunião do Eurogrupo sobre a Grécia mantém-se para esta tarde, com início previsto para as 18 horas de Lisboa.
Debate aceso no Syriza sobre a proposta de acordo
Se os credores não bloquearem o acordo esta semana com novas exigências, ele terá de ir a votos no parlamento grego até dia 30 de junho. Mas antes disso terá de passar no Comité Central e no grupo parlamentar do Syriza. A única certeza é a de que vozes críticas não irão faltar (ver notícia em infogrecia.net).
O ministro da Energia e Reconstrução Produtiva, Panagiotis Lafazanis, que lidera a Plataforma de Esquerda no Syriza (a platyaforma apresentou na última reunião da direção do partido uma proposta para a rotura com as negociações com os credores, que foi derrotada por 95 contra 75), declarou nesta terça-feira na apresentação de um livro no sindicato dos Jornalistas, que “com medidas de austeridade não há futuro” e que a economia grega precisa de “uma forte injeção de liquidez” para um programa alargado de investimento público e para financiar condições favoráveis para o desenvolvimento da Grécia. O ministro defendeu que outro elemento essencial seria a abolição da maior parte da dívida grega.
“A situação grega é o elo mais fraco da Europa”, prosseguiu, defendendo ainda que “um mercado e uma união monetária sob a tutela da Alemanha não pode ter sucesso”, como o prova a recessão e estagnação económica atual, ao mesmo tempo que são destruídas as conquistas sociais. Lafazanis defendeu ainda uma mudança radical num Estado que tem sido dominado por um poder interno dependente do estrangeiro, às vezes até de forma colonial como nos últimos anos de troika em que as instruções aos ministros chegavam por email.
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