A escalada dos preços da energia e dos bens alimentares, que já vinha do ano passado mas que foi agravada com a invasão russa da Ucrânia, terá impactos muito significativos no poder de compra das pessoas. E muitas poderão entrar em situação de pobreza em resultado disso.
O Banco Mundial já tinha estimado que a pandemia poderia atirar cerca de 198 milhões de pessoas para a pobreza extrema (o que significa viver com menos de 1,75 dólares por dia, em média). No entanto, a Oxfam estima agora que haja mais 65 milhões de pessoas que correm esse risco após o início da guerra, como noticia o jornal Público. No total, o risco abrange 250 milhões de pessoas em todo o mundo.
Além do risco de pobreza extrema, a Oxfam estima também que a subnutrição pode atingir mais 28 milhões de pessoas até ao final de 2022. A probabilidade de haver fome em massa é maior no Leste de África, na região do Sahel, na Síria e no Iémen.
A diretora executiva da Oxfam, Gabriela Bucher, disse que “sem ações radicais imediatas, podemos estar a assistir à mais profunda queda da humanidade na pobreza extrema e no sofrimento de que há memória”. A organização não-governamental defende o cancelamento dos pagamentos de dívida externa dos países que estão a ser mais afetados. Além disso, defende também um aumento dos impostos sobre os mais ricos e sobre as empresas que têm registado ganhos extraordinários com a crise.
Em Portugal, o Bloco defende, entre outras medidas, um imposto sobre os lucros extraordinários das grandes empresas da energia. A medida tem dois objetivos principais: evitar que as grandes empresas continuem a aproveitar a guerra para lucrar e financiar a resposta à inflação através de aumentos salariais e reforço dos apoios sociais. Para já, o Governo continua a recusar essa resposta.