Oxfam: inflação faz disparar pobreza à escala mundial

13 de abril 2022 - 11:06

A organização humanitária estima que mais 65 milhões de pessoas passaram a correr risco de pobreza extrema após o início da guerra. A Oxfam defende o cancelamento do pagamentos da dívida externa dos países mais afetados e um aumento de impostos sobre mais ricos e empresas que registaram ganhos extraordinários.

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Ativistas da Oxfam numa manifestação em 2013. Foto: Oxfam International/Flickr.
Ativistas da Oxfam numa manifestação em 2013. Foto: Oxfam International/Flickr.

A escalada dos preços da energia e dos bens alimentares, que já vinha do ano passado mas que foi agravada com a invasão russa da Ucrânia, terá impactos muito significativos no poder de compra das pessoas. E muitas poderão entrar em situação de pobreza em resultado disso.

O Banco Mundial já tinha estimado que a pandemia poderia atirar cerca de 198 milhões de pessoas para a pobreza extrema (o que significa viver com menos de 1,75 dólares por dia, em média). No entanto, a Oxfam estima agora que haja mais 65 milhões de pessoas que correm esse risco após o início da guerra, como noticia o jornal Público. No total, o risco abrange 250 milhões de pessoas em todo o mundo.

Além do risco de pobreza extrema, a Oxfam estima também que a subnutrição pode atingir mais 28 milhões de pessoas até ao final de 2022. A probabilidade de haver fome em massa é maior no Leste de África, na região do Sahel, na Síria e no Iémen.

A diretora executiva da Oxfam, Gabriela Bucher, disse que “sem ações radicais imediatas, podemos estar a assistir à mais profunda queda da humanidade na pobreza extrema e no sofrimento de que há memória”. A organização não-governamental defende o cancelamento dos pagamentos de dívida externa dos países que estão a ser mais afetados. Além disso, defende também um aumento dos impostos sobre os mais ricos e sobre as empresas que têm registado ganhos extraordinários com a crise.

Em Portugal, o Bloco defende, entre outras medidas, um imposto sobre os lucros extraordinários das grandes empresas da energia. A medida tem dois objetivos principais: evitar que as grandes empresas continuem a aproveitar a guerra para lucrar e financiar a resposta à inflação através de aumentos salariais e reforço dos apoios sociais. Para já, o Governo continua a recusar essa resposta.