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Ovar saiu à rua de luto contra transferência para ULS de Aveiro

Mais de 3.500 pessoas manifestaram-se este sábado em Ovar contra a afetação dos habitantes do concelho à Unidade Local de Saúde de Aveiro, deixando de ser referenciados para o hospital mais próximo em Santa Maria da Feira.
Manifestação em Ovar
Manifestação em Ovar. Foto Esquerda.net

O protesto organizado pela plataforma cívica Coração Vareiro mostrou o descontentamento da população do concelho por deixar de estar afeta ao hospital de Santa Maria da Feira, após a decisão do Governo de fazer essa afetação à Unidade Local de Saúde (ULS) de Aveiro.

“Não quero morrer no caminho”, lia-se numa das faixas da manifestação que juntou este sábado, segundo a agência Lusa, mais de 3.500 pessoas em Ovar. A manifestação defendeu que o Governo reverta a decisão de referenciar a população vareira para a ULS de Aveiro, integre os cuidados de saúde primários e hospital de Ovar na ULS do Entre Douro e Vouga (com sede na Feira), e legisle no sentido da “referenciação hospitalar de Ovar a Norte”.

“Se todos os partidos políticos, entidades públicas locais e habitantes jovens e menos jovens concordam que não faz sentido a população de Ovar deixar de ir para os hospitais da Feira-Gaia e passar a ir para os de Aveiro-Coimbra, isso significa que quem está no Governo, quando subiu ao poder, deixou de representar a vontade de quem os elegeu e está a sacrificar os ovarenses devido a interesses relacionados com o Hospital de Aveiro”, afirmou Sara Terra, porta-voz do movimento.

Para esta ativista e também para vários profissionais de saúde presentes no protesto, “não há nenhum argumento válido para deixarmos de ser atendidos no Hospital da Feira, seja ao nível da gestão económica, da eficiência administrativa, de oferta de cuidados de saúde ou da qualidade dos serviços prestados”.

A população contesta igualmente a manutenção do encerramento das urgências do hospital de Ovar, concelho que conta com 55 mil habitantes, enquanto em concelhos próximos, como São João da Madeira, com metade da população de Ovar, a urgência foi reaberta. E o mesmo acontece com os centros de saúde do concelho, pois “a Câmara de Ovar andou a pagar com verbas municipais as obras nas unidades de Arada e Maceda, e elas continuam encerradas”, denunciou Sara Terra.

Manifestação em Ovar

Bloco apresentou proposta para "um SNS de proximidade e qualidade em Ovar"

O dirigente bloquista Moises Ferreira esteve presente no protesto e considerou "inadmissível" a intenção do Governo de "obrigar a população a deslocar-se 40 e mais quilómetros para ter saúde", o que diz corresponder a "afastar o SNS da população".

"Há cada vez mais dificuldade em ter médico de família, espera-se cada vez mais para consulta e cirurgia,  as pessoas têm de pagar cada vez mais do seu bolso para aceder à saúde... Perante tudo isto, o que propõe o Governo à população de Ovar? Tornar tudo ainda pior", prosseguiu Moisés Ferreira em declarações ao Esquerda.net.

Para o dirigente do Bloco e antigo deputado pelo círculo de Aveiro, "Ovar não precisa de nenhuma ULS e a população não precisa de ser deslocada para Aveiro ou para qualquer outro sítio. O que Ovar precisa é que se invista no hospital e nos centros de saúde que existem no concelho. O que é preciso é reabrir urgências, reabrir extensões fechadas, contratar médicos para o hospital, ter mais especialidades, fazer mais cirurgias".

Esta semana o Bloco apresentou na Assembleia da República uma proposta para que o Governo invista num Serviço Nacional de Saúde de proximidade e de qualidade em Ovar em oposição à deslocalização da população para uma Unidade Local de Saúde.

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