Outro vendedor de swaps tóxicos nomeado administrador pelo Governo

07 de agosto 2013 - 0:22

Gonçalo Barata, administrador da Águas de Portugal e membro da comissão política nacional do CDS, também fazia parte da equipa do Citigroup que tentou vender swaps ao governo Sócrates, para “maquilhar” as contas públicas. Gonçalo Barata foi nomeado pela ministra do CDS Assunção Cristas, em janeiro de 2012, e o ministério indicou "que conta com 18 anos de experiência no Citigroup, na área de financiamento a empresas".

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Gonçalo Barata, administrador da Águas de Portugal e membro da comissão política nacional do CDS, também fazia parte da equipa do Citigroup que tentou vender swaps ao governo Sócrates, para “maquilhar” as contas públicas

Soube-se nesta terça-feira, que Gonçalo Ayala Martins Barata também fazia parte da equipa do banco Citigroup que tentou vender swaps ao governo Sócrates, para mascarar o défice público. Da equipa faziam também parte Joaquim Pais Jorge, atual secretário de Estado do Tesouro, e Paulo Gray.

Gonçalo Barata é vogal da comissão política nacional do CDS-PP e foi nomeado pela ministra do CDS-PP Assunção Cristas para dirigir o setor financeiro da Águas de Portugal (AdP) em janeiro de 2012.

Na altura da nomeação de Gonçalo Barata foram também nomeados pela ministra do CDS-PP para administradores da AdP outro dirigente do CDS-PP, Álvaro Castello-Branco, e o dirigente do PSD Manuel Frexes. Estas três nomeações foram então consideradas, por João Semedo, "uma descaradíssima partidarização, com a agravante de contrastarem flagrantemente com as palavras de Pedro Passos Coelho durante a sua campanha eleitoral".

Segundo a agência Lusa, Gonçalo Barata entrou para o Citibank Portugal em 1994, e em 2002 passou a ser diretor da área de Fixed Income Capital Markets Origination do Citigroup, em Portugal, “com responsabilidade pela originação de dívida para os principais emitentes nacionais e estruturação e aconselhamento na gestão de riscos financeiros”, de acordo com o currículo disponibilizado pela Águas de Portugal.

A proposta do Citigroup

Segundo a Lusa, e de acordo com um documento a que a agência teve acesso, o Citigroup propôs vários swaps para mascarar o défice público.

A operação proposta pelo Citigroup era a da contratação pelo IGCP (instituto encarregado de “assegurar o financiamento e efetuar a gestão da dívida pública direta do Estado Português”) de três swaps com maturidades a 30 anos, que levariam a que as taxas de juro a pagar relativas às obrigações do tesouro existentes em 2005 e 2006, fossem pagas ao longo de mais de 30 anos. Essas taxas de juro eram superiores à média do mercado, pelo que ao longo de 30 anos constituiriam um negócio ruinoso para o Estado português.

Segundo a Lusa, o documento do banco inclui um anexo onde o Citigroup explica como conseguir fugir às regras do Eurostat e assim baixar o défice público. O nome eufemístico da aldrabice era ‘swap Eurostat friendly’.

A agência refere ainda que, desta forma, a proposta dos swaps do Citigroup ajudariam a baixar o défice orçamental em 370 milhões de euros em 2005 e em 450 milhões de euros em 2006.

Também segundo a agência, além de Joaquim Pais Jorge (secretário de Estado do Tesouro nomeado pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque), Paulo Grey (atual quadro da consultora Storm Harbour, contratada para estudar estes contratos financeiros celebrados por empresas públicas) e Gonçalo Barata, na proposta do Citigroup constam ainda os nomes de Ana Barros, como diretora do departamento de investment banking, e de Luís Sousa, diretor da área de securitização em Portugal, e que deixou o Citigroup Portugal para ingressar no banco Santander.