Economia

“Os tempos são tão terríveis nos EUA que eu quase receio regressar”, diz Krugman

24 de abril 2025 - 18:16

O economista veio a Portugal falar dos 50 anos de democracia, mas não escondeu a preocupação com a viragem política e económica no seu país.

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Paul Krugman em Lisboa
Paul Krugman em Lisboa. Foto António Cotrim/Lusa

Paul Krugman, Nobel da Economia em 2008, foi o principal orador da conferência “Falar em Liberdade”, promovida pelo Banco de Portugal para assinalar os 50 anos do 25 de Abril. Aproveitou para recordar a viagem que fez ao nosso país em 1976, então jovem estudante de pós graduação no Massachusetts Institute of Technology, numa altura em que “nada disto que os portugueses alcançaram estava garantido”, relata o Diário de Notícias.

Para o economista, Portugal “é uma história realmente feliz, tornou-se uma democracia bem sucedida”, ultrapassando desafios como os do acolhimento e integração dos “retornados” das antigas colónias ou os programas de austeridade do FMI a que foi sujeito, além da crise do euro e da intervenção da troika. “Acho que a maior parte das pessoas aqui não fazem ideia de como é que as estradas, a rede energética e as telecomunicações eram em 1976 porque, meu deus, eram mesmo terríveis. E melhoraram tremendamente”, prosseguiu.

“Às vezes conto esta história para mim próprio para me sentir um pouco melhor face ao que se passa em minha casa”, confessou o economista, para quem “os tempos são tão terríveis nos Estados Unidos que eu quase receio regressar”.

Recordando o país que encontrou durante a sua visita, que teve como cicerone o então governador do Banco de Portugal José Silva Lopes, diz que viu “uma economia retrógrada, de baixa produtividade, sem infraestruturas, vulnerável, um dos países com os salários mais baixos na Europa”, com os setores da agricultura e vestuário a dominarem a economia. E recordou uma frase de Silva Lopes sobre essa dependência do têxtil: “Nós não somos uma república das bananas, somos uma república dos pijamas”.

Sobre a atualidade e a guerra das tarifas iniciada por Donald Trump, que considera “uma loucura”, Paul Krugman vê Portugal “um pouco mais exposto do que o país europeu médio”, mas “tendo em conta o historial, penso que não devemos estar muito preocupados”.