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ONU apresentava Guernica de Picasso como protesto contra “atrocidades da República”
A história da pintura de Pablo Picasso intitulada Guernica está longe de ser um mistério. Considerado um dos quadros mais conhecidos do mundo, é conhecido como uma ilustração das atrocidades do bombardeamento da cidade basca de Guernika, ocorrido no dia 26 de abril de 1937 e da responsabilidade dos governos nazi alemão e fascista italiano que apoiavam o golpe de Estado franquista. Durante quatro horas, 31 toneladas de bombas atingiram a população civil da cidade causando um número indeterminado de vítimas. Este trabalho nasceu, aliás, de uma encomenda do governo republicano com o objetivo de marcar presença na Exposição Internacional de Paris desse ano.
Por isso, a notícia de que a ONU, na sua página de internet, descrevia o quadro como uma denúncia das “atrocidades republicanas durante a Guerra Civil Espanhola” gerou tanto espanto quanto indignação.
Foi o deputado socialista espanhol Javier Alfonso Cendón quem primeiro deu com esta descrição e tratou de a denunciar neste sábado no Twitter. O texto ilustrava a apresentação de uma tapeçaria que reproduz o quadro de Picasso, encomendada em 1955 por Nelson A. Rockefeller e feita sob supervisão do próprio artista, e que foi exposto em 1985 junto à sala do Conselho de Segurança da ONU. O erro esteve online durante dois ou três anos segundo confirmou fonte das próprias Nações Unidas.
Exigimos una rectificación oficial a la @ONU_es que en su página oficial se refiere al Guernica como “una protesta artística contra las atrocidades de la República durante la Guerra Civil española”. https://t.co/IX7IUZlwv2 pic.twitter.com/mlgDtG7KCf
— Javier Alfonso Cendón (@alfonsocendon) 14 de setembro de 2019
Passado pouco tempo de ter sido detetado, a missão espanhola nesta organização respondeu a Cendón na mesma rede social que ia solicitar a sua “retificação imediata”. O texto foi depois retirado. E, mais tarde, chegou um pedido de desculpas público “ao povo e ao Governo de Espanha” pelo “erro horrível” cometido. Stéphane Dujarric, porta-voz de António Guterres, reconheceu assim o engano, esclarecendo que “os republicanos foram as vítimas não os perpetradores” e assegurando que o erro não teve “más intenções”.
Entretanto já estava a decorrer uma recolha de assinaturas dinamizada pela revista Nueva Cultura e que tinha recolhido mais de cinco mil assinaturas em menos de um dia.
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