Abdullah Öcalan, um dos líderes históricos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) quer que o PKK deponha as armas e se dissolva. O fundador do partido está em prisão perpétua e em confinamento solitário desde 1999.
Öcalan tinha já aberto a porta à reconciliação aquando da visita de elementos do Partido Democrático do Povo, formação da esquerda pró-curda na Turquia. Em 2015 já tinha apelado a que o PKK depusesse as suas armas, após um cessar fogo que durou dois anos. Agora volta a insistir no fim da luta armada, indo ainda mais longe e pedindo a dissolução do PKK.
“Reúnam os vossos congressos e tomem uma decisão; todos os grupos devem depor as armas e o PKK deve dissolver-se”, sentenciou Öcalan. Falando sobre o PKK na sua declaração, o antigo líder do PKK disse que o partido “nasceu no século XX, na época mais violenta da história da humanidade, entre duas guerras mundiais, sob a sombra da experiência do socialismo real e da Guerra Fria em todo o mundo”.
Em retrospetiva, o fundador do partido diz que “a negação da realidade curda, restrições a direitos básicos e liberdades, em especial a liberdade de expressão, tiveram um papel significativa na emergência e desenvolvimento do PKK”.
Öcalan insiste que os tempos mudaram e que há uma mudança de atitude da Turquia em relação às questões curdas e argumenta que a resistência armada já não tem razão de ser, deixando apelos a uma “sociedade democrática” numa “era de paz”.
“Ao longo de mais de mil anos de história, turcos e curdos sempre consideraram necessário manter uma aliança, predominantemente voluntária, para manter a sua existência e sobreviver contra as potências hegemónicas”, escreveu Öcalan.
As declarações do histórico dirigente do PKK surgem novamente no contexto de uma possibilidade de liberdade condicional sugerida por Devlet Bahçeli – líder do Movimento Nacional (MHP), ultranacionalista de extrema-direita e aliado de Erdogan – se o PKK se dissolver.
Segundo o Público, Erdogan poderá precisar do apoio do Partido Democrático do Povo para uma alterar a constituição e concorrer a um quarto mandato presidencial em 2028. O apelo foi ao encontro do Partido da União Democrática (PYG), grupo curdo sírio. O seu líder, Salih Muslim, disse que se lhe for “permitido” fazer trabalho político, as “razões para pegar em armas desaparecem”.