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Número de IVG por vontade da mulher caiu 28% desde 2011

A Direção Geral de Saúde vai publicar o relatório com os dados de 2018 das interrupções voluntárias da gravidez em Portugal. Nesse ano, o número de IVG por vontade da mulher foi o mais baixo de sempre.
Foto de Paulete Matos

Pela primeira vez desde que há registos, menos de 15 mil mulheres interromperam a gravidez em Portugal. Os números são de 2018 e fazem parte do relatório que a Direção Geral de Saúde irá apresentar nos próximos dias. Dos 14.928 casos registados de IVG, 14.306 realizaram-se por vontade da mulher até às dez semanas.

Em entrevista ao Público neste domingo, a diretora-geral de Saúde confirma que neste relatório “os dados são muito favoráveis em tudo”. “Não só nada piorou, como estão a diminuir as IVG — todos os anos diminuem consistentemente —, complicações praticamente nulas, mortes ainda menos”, diz Graça Freitas.

A queda de 4% no número de IVG por vontade da mulher em 2018 insere-se numa tendência constante desde que a IVG foi despenalizada em Portugal. Entre 2011 e 2018 essa queda foi de 28%, colocando Portugal abaixo da média europeia no número total de IVG.

Graça Freitas destaca um dado que classifica de “muito positivo”, o da forte adesão a um método anticoncecional por parte das mulheres que saem de uma IVG. “Isso é que é a grande vitória: 92,6% das mulheres que realizaram uma IVG escolheram um método anticoncepcional”, sublinha a diretora-geral de Saúde. Isso quer dizer que, ao contrário do que afirmavam os defensores da criminalização no referendo de 2007, “a IVG não está a ser utilizada como método contracetivo e muitas delas, quase 40%, optam por métodos de longa duração”, prosseguiu.  

“Cenários catastróficos eram chantagens conservadoras e patriarcais sem qualquer sentido”

Para a deputada bloquista Sandra Cunha, estes dados vêm confirmar o que foi dito na campanha do referendo pelas apoiantes da despenalização. “Foi sob o mote do direito ao corpo e à  autodeterminação que se alcançou esta enorme conquista que foi o direito ao aborto. Mas trata-se, para além disso, de uma questão de saúde pública”, recorda a deputada do Bloco em declarações ao esquerda.net, concluindo que a despenalização trouxe consigo “mais acompanhamento, mais saúde e menos mortes” de mulheres.

Por isso, “a diminuição das IVG prova-nos que os cenários catastróficos do recurso ao aborto como método contracetivo eram chantagens conservadoras e patriarcais sem qualquer sentido”, concluiu Sandra Cunha.

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