Bruno Maia lançou esta terça-feira a sua candidatura a Bastonário da Ordem dos Médicos nas eleições que acontecerão em janeiro de 2023. Neurologista e intensivista na Unidade de Cuidados Intensivos Neurocríticos do CHULC, coordenador Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos, é ainda doutorando em Medicina pela Universidade Nova de Lisboa.
A sua candidatura prioriza a defesa da profissão médica e do acesso à saúde. Para ele, “precisamos de uma Ordem dos Médicos que não temos; de uma Ordem empenhada na defesa dos utentes, do SNS e da carreira médica, ao lado dos médicos e médicas mais jovens e precárias. Uma Ordem protagonista da defesa do serviço público de saúde e insubmissa aos grandes interesses financeiros que ameaçam a prática médica; próxima dos utentes e aberta à sociedade, que rompa com o conservadorismo e o elitismo. E que combata a discriminação de profissionais e utentes em função de racismo, sexismo, homofobia ou transfobia.”
Para divulgar a sua candidatura foi lançada uma página de internet na qual se pode encontrar a sua informação biográfica, o manifesto da candidatura e um resumo das linhas principais da candidatura e que se centram em 6 pontos: 1) SNS: a garantia da Saúde; 2) Carreiras que garantam qualidade na Medicina; 3) Exclusividade, chave da separação público/privado; 4) Nenhum jovem médico/a sem acesso à especialidade; 5) USF para todos, menos utentes por cada médico de família; 6) Combater a discriminação nos serviços de saúde, sobre os utentes e médicos.
Na primeira entrevista que deu depois do anúncio da candidatura, à CNN Portugal, o médico afirma que "precisamos de uma pedrada no charco" na Ordem dos Médicos, num momento em que se vive "uma situação bastante crítica no Serviço Nacional de Saúde". Para isso é preciso uma Ordem que "assuma o seu papel na defesa de um SNS público, universal, que cubra todas as áreas e todo o país porque essa é a única garantia conseguirmos ter a prática de uma medicina ética e humana que chegue a todas as pessoas".
Quem é Bruno Maia?
Filho de carpinteiro e costureira, nasceu no Porto há 40 anos e viveu em São Pedro da Cova, Gondomar, até completar a formação pré-graduada. Foi campeão nacional de natação na categoria de Masters.
Licenciou-se em Medicina pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade do Porto em 2006, tendo integrado a Associação de Estudantes e o Senado da universidade.
Foi Interno do Ano Comum no Hospital de Santarém. No Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC), fez o internato de Neurologia (2013) e o Ciclo de Estudo Especiais em Medicina Intensiva (2016). Nesse período, passou pela Universidade da Califórnia - Los Angeles, pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque, pelo Centro Médico Académico, em Amesterdão, e pelo hospital Mútua Terrassa, em Barcelona.
Até 2017, como voluntário, fez consulta de Infeções Sexualmente Transmissíveis no CheckpointLx – centro comunitário dirigido a homens que têm sexo com homens. Até 2020, fez parte da equipa da Viatura Médica de Emergência e Reanimação de Almada.
Protagonista empenhado em várias causas, como a legalização da morte assistida, da canábis ou da interrupção voluntária da gravidez, os direitos LGBTI+ e membro da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, tem estudado o setor da saúde, publicando em 2021, na Bertrand, o livro “O Negócio da Saúde – como a medicina privada cresceu graças ao SNS”.
Da sua atividade nos movimentos sociais, destacam-se a participação na primeira Marcha do Orgulho LGBTI+ no Porto, em 2006, no movimento “Médicos Pela Escolha”, criado na campanha para o referendo à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, em 2007, foi membro da direção do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, fundador do Observatório Português de Canábis Medicinal, ativista pela introdução da Profilaxia Pré-exposição para o VIH em Portugal e é membro da Coordenadora do movimento “Direito a Morrer com Dignidade”, que luta pela despenalização da Morte Assistida em Portugal.