Na passada quarta-feira, Netanyahu anunciou um acordo do Likud, o seu partido, com dois partidos ultra-nacionalistas, o Poder Judeu e a Casa Judaica. Segundo as sondagens, estes partidos, por si só, poderiam nem sequer alcançar o patamar mínimo para entrar no parlamento israelita.
Mas o primeiro-Ministro israelita espera que a união com eles lhe permita permanecer no poder. Este acordo foi encarado como uma manobra de antecipação face ao desafio que lhe é colocado pela nova coligação centrista que entretanto também anunciou o seu surgimento e ultrapassou mesmo Netanyahu nas sondagens. Yair Lapid, um ex-ministro das finanças que preside ao partido Yesh Atid, juntou-se a Benny Gantz, um popular militar reformado recém-chegado à política, para as eleições de 9 de abril. Prometem rotatividade no cargo de primeiro-Ministro.
Já o primeiro-ministro, que se mantém no poder há 9 anos consecutivos, apesar de todas as evidências em sentido diferente, rapidamente classificou esta nova força política como “esquerdista”, tendo afirmado que, caso alcançasse o poder, poderia destruir o país ao aliar-se com as forças políticas palestinianas.
Externamente, a coligação não está a convencer os aliados tradicionais do primeiro-Ministro. Segundo a Reuters, até a AIPAC, maior lóbi pró-israelita norte-americano, e o Congresso Judaico-americano, ambos habitualmente favoráveis às políticas do primeiro-ministro israelita reagiram negativamente este domingo à coligação com a extrema-direita, já que consideram o partido Poder Judeu como sendo um partido racista. Este descreve-se como sucessor do Kach, um partido fundado pelo rabi Kahane que fui banido em Israel pelas suas posições racistas e considerado uma organização terrorista pelo FBI. Kahane defendia, por exemplo, a expulsão de todos os palestinianos de Israel e a proibição de casamento entre judeus e árabes.
E a nova coligação centrista não é o único problema para Netanyahu. O governante foi acusado pela polícia em vários casos: é acusado de ter recebido dinheiro de um magnata norte-americano, Arnon Milchan, e de um empresário australiano, James Packer, em troca de favores; é acusado de tentar limitar a circulação do jornal Yedioth Ahronoth favorecendo o jornal Israel Hayom que em troca lhe daria tratamento favorável; é acusado de ter ajudado o gigante das telecomunicações Bezeq em troca de tratamento favorável num dos seus sites.