“Não podemos continuar a condenar à precariedade quem trabalha na Ciência”

18 de julho 2023 - 17:30

Docentes e investigadores protestam esta terça-feira junto à Assembleia da República contra a precariedade no setor da ciência e ensino superior. Joana Mortágua defendeu que “não há forma de um país conseguir garantir um sistema científico de qualidade, de ponta, sem estabilidade”.

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Foto Esquerda.net (Arquivo)

A deputada bloquista afirmou que “há anos que o sistema científico em Portugal é baseado em precariedade”, assinalando que “as instituições não têm dinheiro para contratar e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) vai colmatando essa falha com apoios renovados aqui e ali, essencialmente ao abrigo de um regime transitório que cria a expectativa de que, ao fim de seis anos de renovações, estes investigadores possam entrar na carreira”.

“Ora não é isso que está a acontecer”, sublinhou Joana Mortágua.

A dirigente do Bloco explicou que “a ministra veio dizer que vai criar um novo programa, financiado pela FCT, para que as instituições contratem estes investigadores. Ou seja, um novo incentivo para que os investigadores que já estão há dez ou vinte anos, voltem a passar por regimes probatórios, voltem a passar por um calvário para não saberem se ficam ou não, se as instituições abrem ou não vagas e se vão ou não ser um dos contemplados”.

“Não há forma de um país conseguir garantir um sistema científico de qualidade, de ponta, sem estabilidade”, vincou Joana Mortágua.

Nesse sentido, a deputada defendeu que é necessária uma “solução definitiva” para que haja financiamento para as instituições do ensino superior contratarem os docentes que têm de contratar, “e não investigadores disfarçados de docentes”, e para que a FCT “financie a integração na carreira de investigador aqueles que, de facto, são investigadores”.

Joana Mortágua enfatizou que temos de deixar de condenar quem trabalha para a ciência no país a uma vida de “precariedade, baixos salários e miséria constante”.

Sobre o novo modelo de financiamento para novos contratos nas instituições de que a ministra tem vindo a falar “há vários meses”, a deputada assinalou que é preciso avançar com informações e medidas concretas.

O protesto desta terça-feira foi convocado pela Federação Nacional dos Professores, a Associação dos Bolseiros de Investigação Científica, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, o Sindicato Nacional do Ensino Superior e outras sete associações de investigadores de diferentes instituições de ensino superior. A iniciativa teve início uma hora antes de a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, começar a ser ouvida no Parlamento em audição requerida pelo PCP e pelo Bloco sobre a precariedade de docentes e investigadores científicos.