O parlamento polaco aprovou na sexta-feira o projeto do governo que prevê a construção de um muro na fronteira com a Bielorrússia com o objetivo de impedir a passagem de migrantes. Está prevista uma estrutura que ocupará mais de cem quilómetros e que custará perto de 353 milhões de euros.
Há uma recente vaga migratória a chegar à Polónia proveniente do Médio Oriente através desta rota. Como resposta, o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki declarou que a Polónia está a ser “atacada” pela Bielorrússia, impôs o Estado de Emergência na região fronteiriça, enviou milhares de soldados e legalizou a extradição imediata. Com as condições meteorológicas a agravar-se, já vários migrantes morreram na zona fronteiriça e as Nações Unidas exigiram ação urgente para evitar uma tragédia de maiores dimensões. Contudo, a imposição do Estado de Emergência tornou impossível a ação das associações humanitárias na região assim como o escrutínio dos jornalistas.
A União Europeia defende que Alexandre Loukachenko, o presidente da Bielorrússia, está a aliciar migrantes e a permitir a sua passagem pelo seu território como forma de represália contra as sanções que lhe foram impostas.
Também a Lituânia escolher colocar uma estrutura de arame farpado ao longo de toda a sua fronteira com este país. O presidente lituano Gitanas Nauseda diz que é uma medida “de curto prazo” necessária para “gerir esta crise”.
A decisão do parlamento polaco chegou uma semana depois da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter recusado enfaticamente o pedido de doze Estados de financiamento da União Europeia para a construção de muros semelhantes, declarando que “há uma posição comum de longa data da Comissão e do Parlamento Europeu de que não haverá o financiamento de arame farpado nem de muros”.
A sete de outubro, os ministros do Interior de 12 países, Áustria, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Estónia, Grécia, Hungria, Lituânia, Letónia, Polónia, República Checa e Eslováquia, tinham-se juntado no apelo ao financiamento deste tipo de estruturas, alegando que “uma barreira física surge como uma medida eficaz de proteção das fronteiras que serve os interesses do conjunto da União Europeia, não apenas os dos Estados-membro na primeira linha”.