Direitos Humanos

Myanmar: Airbus vai a tribunal nos Países Baixos por ligações com a Junta Militar

11 de abril 2025 - 18:26

A empresa europeia é investidora na empresa estatal de aviação chinesa que fornece os aviões que são usados em “ataques aéreos indiscriminados contra civis”, diz a acusação.

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Ilustração Airbus e Junta Militar de Myanmar
Ilustração Airbus e Junta Militar de Myanmar. Por Justice for Myanmar.

Uma organização não governamental de Myanmar apresentou esta quarta-feira uma queixa contra a Airbus num tribunal dos Países Baixos onde tem a sua sede. Em causa está a relação desta com a AVIC, empresa estatal de aviação e defesa chinesa, que colabora com a Junta Militar daquele país.

O Expresso noticia que para além da colaboração com aquela empresa, a Airbus investe “montantes significativos na AviChina Industry & Technology, subsidiária da AVIC e da qual a Airbus é atualmente o maior acionista internacional”. Filiais desta empresa fornecem ao governo da Junta Militar os aviões que são usados em “ataques aéreos indiscriminados contra civis”.

O caso judicial é representado pela SOMO – The Centre for Research on Multinational Corporations e, por razões de segurança, o queixoso mantém a sua identidade no anonimato. À Airbus é requerido que exerça influência junto da AVIC para que esta corte as suas ligações às forças militares da Junta. Se tal não acontecer, a empresa europeia deveria abandonar a relação com a AviChina.

Há sete meses, os grupos Justice For Myanmar e Info Birmanie tinham publicado o relatório “#AIRBUSTED: How Airbus’ close partner AVIC is supplying arms to the Myanmar military and what Airbus should do about it” no qual se demonstrava que a AVIC fornece aviões à máquina de guerra da ditadura de Myanmar, isto para além de serviços de manutenção, reparação e revisão dos aviões usados em bombardeamentos contra civis.

No documento defendia-se que estes aviões eram usados para “cometer crimes de guerra e crimes contra a humanidade”, existindo uma “contradição gritante entre as declarações públicas e as ações privadas dos principais acionistas da Airbus – os Governos de Espanha, Alemanha e França”, que condenam publicamente estes crimes.

Para o queixoso, a “campanha de terror” da Junta Militar de Myanmar “só é possível graças ao acesso contínuo dos militares a armas, incluindo aviões de combate e respetiva manutenção técnica, reparação e revisão por parte de parceiros estrangeiros como a AVIC”.