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Motoristas de matérias perigosas em greve
Os motoristas de matérias perigosas entraram esta segunda-feira em greve por tempo indeterminado. O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), que convocou a greve, reclama o reconhecimento da categoria profissional destes motoristas e o fim de ajudas de custo ilegais.
Esta manhã, o SNMMP registava uma adesão de 100%, com concentrações de trabalhadores em Aveiras, Barreiro, Sines e junto à Petrogal de Matosinhos.
Pela manhã, Francisco São Bento, presidente do SNMMP afirmou à Agência Lusa que “até ao momento não saiu um único camião, a não ser aquilo que estava previsto para abastecer os hospitais”. Acrescentou que “a greve abrange todos os trabalhadores do setor do transporte de matérias perigosas, e irá prolongar-se por tempo indeterminado até que as entidades competentes decidam sentar-se à mesa para chegar a um consenso”.
Os motoristas de matérias perigosas são considerados, "apenas trabalhadores de pesados, apesar de existirem diferenças e serem obrigados a ter formação especial”, e de enfrentarem "riscos suplementares", afirmou Pedro Pardal Henriques do SNMMP. Acrescentou que o sindicato exige o fim dos pagamentos de ajudas de custo “de forma ilegal”, que prejudicam os trabalhadores por exemplo em situações de baixa, e que as empresas “têm feito uma pressão tremenda” sobre os trabalhadores, incluindo ameaças de despedimento por pertencerem ao sindicato.
Segundo o SNMMP, a greve tornou-se necessária pela intransigência da associação empresarial do setor, a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), que tem recusado todas as suas reivindicações. Há uma semana, a 8 de abril, o governo promoveu uma reunião entre as duas partes sem sucesso. No dia seguinte, a ANTRAM afirmou em comunicado que "não reconhece qualquer legitimidade às reivindicações pretendidas e como tal não está disponível para iniciar qualquer negociação com este Sindicato”. Dois dias depois, avisou noutro comunicado os motoristas que “da parte das forças de segurança, a GNR deu já a conhecer que irá estar atenta ao desenrolar dos protestos", e "desencadeará os respetivos meios para repor a segurança”.
Um despacho conjunto dos ministérios do Trabalho e do Ambiente fixou como serviços mínimos para a greve o “abastecimento de combustíveis aos hospitais, bases aéreas, bombeiros, portos e aeroportos", e o abastecimento de postos de combustível na área da "Grande Lisboa e do Grande Porto, tendo por referência 40% das operações asseguradas em dias em que não haja greve”.
No entanto, o sindicato contesta esta fixação de serviços mínimos: “fizemos uma impugnação do despacho conjunto dos ministérios e ainda fizemos um processo para salvaguardar os direitos, liberdades e garantias” dos trabalhadores, afirmou Pedro Pardal Henriques pelo SNMMP. A proposta do sindicato é abastecer apenas os hospitais. Foi a situação que se verificou na manhã de hoje.
Perante este nível adesão à greve, a ANTRAM mantinha à tarde um tom pouco conciliatório, afirmando que “os piquetes de greve estão a ultrapassar os limites da legalidade”, e apelando ao governo para acionar "todos os meios de que dispõe" para fazer "cumprir, desde já, os serviços mínimos determinados".
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