Segundo o jornal italiano La Stampa, Rossana Rossanda tinha voltado para Roma há dois anos, depois de uma longa estadia em Paris numa altura em que o governo de Matteo Salvini dominava a política italiana. “Estou de volta para lutar”, disse numa entrevista ao Concetto Vecchio per Repubblica. A última iniciativa pública de Rossana foi com a sua amiga Luciana Castellina para dar apoio à Casa da Mulher em Roma.
A notícia do falecimento da Rossana Rossanda foi divulgada no site do Il Manifesto, o jornal que fundou com Lucio Magri, Luigi Pintor e Valentino Parlato depois de terem sido expulsos do Partido Comunista Italiano (PCI).
Nasceu em Pola, na Croácia, em 1924 e tinha participado na Resistência, seguindo os passos de Antonio Banfi. A sua longa história de vida é contada no livro “La ragazza del secolo scorso” publicado em 2005.
Rossana acabou por refazer a sua militância no PCI, mesmo com as marcadas divergências com o grupo de gestão que também tinha grandes esperanças na jovem intelectual militante. Acabou por ser nomeada responsável da área da Cultura, uma área dominada pelo secretário do partido, Palmiro Togliatti. Uma relação que se acabou por deteriorar com o passar do tempo, com a invasão da Checoslováquia e as lutas do movimento operário e estudantil italiano. A rutura final chegou com a expulsão do PCI da Rossana, Aldo Natoli, Pintor, Magri e Castellina.
Em 1969 fundou a revista Il Manifesto, que dois anos depois se converteu em jornal, com Rossanda como diretora. Eleita para o parlamento italiano em 1963, Rossana foi a primeira vereadora do PCI e acabou também por sair do Manifesto em 2012 por fortes desentendimentos com a direção.
Em março de 2008 foram publicados em castelhano na New Left Review alguns extratos da autobiografia de Rossana Rossanda, La ragazza del secolo scorso [A rapariga do século passado], onde descreve as suas memórias de trabalho na Resistência contra o fascismo durante a Segunda Guerra Mundial e da cultura política do PCI.