Elevador da Glória

Moedas é “politicamente responsável” e julgamento cabe aos eleitores, diz Marcelo

08 de setembro 2025 - 11:05

Carlos Moedas respondeu ao Presidente numa entrevista em que descartou responsabilidades e fez ataques pessoais a Alexandra Leitão. “Não sabe fazer política de outra forma”, respondeu a candidata da coligação “Viver Lisboa”.

PARTILHAR
Marcelo e Moedas
Marcelo Rebelo de Sousa e Carlos Moedas.

Em declarações feitas este domingo após os funerais de algumas das 16 vítimas mortais do acidente do Elevador da Glória, o Presidente da República disse não ter dúvidas sobre a quem cabe a responsabilidade política pela tragédia. “Quem está à frente de uma instituição pública responde politicamente (…) por aquilo que aconteça de menos bem nessa instituição, mesmo que sem culpa nenhuma, mesmo que sem intervenção nenhuma”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

“Quem quer que exerça um cargo político é politicamente responsável pelo exercício”, sublinhou o Presidente, acrescentando que “no caso de ser um cargo eletivo, é perante os eleitores” que essa responsabilidade existe, pelo que o próximo dia 12 de outubro será a oportunidade “de os eleitores se manifestarem”.

"O mais importante é atuar-se com dados, com o equilíbrio, com bom senso, mas dando a quem tem de decidir a possibilidade de a culpa não morrer solteira ou, neste caso, a responsabilidade objetiva não morrer solteira. Porque aparentemente não há culpa específica de ninguém. Isso é que não pode acontecer, porque senão onde é que paramos? Quantos mortos são necessários para haver responsabilidade?”, questionou o Presidente.

Horas depois, Carlos Moedas deu uma entrevista à SIC onde afirmou que a sua responsabilidade política é apenas “a de ser acionista de uma empresa à qual dou uma estratégia” e que “não precisa de eleições para se ver onde está a responsabilidade política”. 

João Fraga de Oliveira
João Fraga de Oliveira

Acidente no Elevador da Glória: uma “atrapalhação”?

07 de setembro 2025

“Nesta tragédia não há nenhum erro que possa ser imputado ao presidente da Câmara de Lisboa”, disse Moedas, garantindo que não interfere na gestão da empresa detida a 100% pelo município que preside.

Além do exercício de vitimização, o autarca procurou atribuir culpas ao executivo que o antecedeu, lembrando o descarrilamento do Elevador da Glória em 2018, cujo relatório do acidente diz agora não ter encontrado. E atacou também a candidata da coligação “Viver Lisboa”, acusando-a de não pedir a sua demissão mas “enviar sicários” para a exigir. "Foi muito cínico, dissimulado e isso revolta-me na política. Não quero ter um país de cinismo”, garantiu Moedas, ao mesmo tempo que justificou o seu silêncio sobre o acidente entre quarta-feira e domingo porque “foram dias para estar ao lado destas famílias”.

A candidata da coligação formada por PS, Bloco, Livre e PAN reagiu em seguida: “Carlos Moedas voltou ao ataque pessoal. Não sabe fazer política de outra forma. Quem o ouça acha que a primeira vítima do trágico acidente no Elevador da Glória foi ele próprio. Não foi. Foram os mortos, os feridos e as suas famílias”, afirmou Alexandra Leitão, considerando a entrevista de Moedas “um exercício de desculpabilização pouco digno de um responsável político”, onde o autarca “não trouxe respostas, não apresentou soluções e não anunciou uma única medida que ajude as vítimas ou que restaure a confiança dos lisboetas nas infraestruturas da cidade”.