O Hospital de São João da Madeira está integrado na Unidade Local de Saúde de Entre Douro e Vouga. Mas o seu futuro tem estado no centro do debate político no concelho, com o anunciado plano de transferência da sua gestão para a Santa Casa da Misericórdia local. No final da semana passada, esta instituição veio assegurar que o hospital não vai encerrar, mas as explicações dadas vieram confirmar as razões para rejeitar a transferência da gestão, o que tem sido uma das bandeiras da candidatura do Bloco à autarquia, encabeçada por Moisés Ferreira.
“A Misericórdia decidiu entrar na campanha eleitoral”, refere a concelhia do Bloco em comunicado onde conclui que o esclarecimento prestado pela instituição “revelou contornos graves e preocupantes da negociações que tem mantido às escondidas dos sanjoanenses” com o Ministério da Saúde. O primeiro de todos é expor que “a ministra da Saúde mentiu quando disse que qualquer decisão só seria tomada depois de um estudo”.
Por outro lado, o secretismo que envolve o processo negocial só pode significar que “o negócio não vai ser bom nem para os utentes, nem para São João da Madeira, nem para o SNS”, prevê o Bloco, concluindo que “para defender o nosso Hospital e o direito à saúde é mesmo preciso impedir a transferência” da gestão para a Misericórdia local.
Nas declarações citadas pelo Jornal de Notícias, o provedor da Misericórdia admite que o hospital irá perder as áreas de Oncologia e Psiquiatria, mas “nada diz sobre a recuperação dos serviços que durante os meses de negociação já foram retirados do hospital (e foram muitos). É muito grave”, prossegue o comunicado da concelhia bloquista. Outro dos aspetos negativos já conhecido é o de que a urgência só irá receber doentes com pulseira azul e verde, os menos graves do processo de triagem.
A juntar-se às críticas está o facto de não existir qualquer plano para os trabalhadores do hospital e de não existir garantia de que o volume de atividade aumente, “condicionando isso ao tamanho do cheque que negociar com o Governo”.