Alta velocidade

Ministro das Infraestrutura não gosta do investimento em comboios

14 de agosto 2024 - 18:30

Pinto Luz diz que o Estado investir em comboios para a alta velocidade “não é saudável”. Marisa Matias contrapõe que “a única explicação” para esta ideia “é que o Governo queira favorecer operadores privados”.

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Miguel Pinto Luz
Miguel Pinto Luz. Foto de Miguel A. Lopes/Lusa.

O Ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, defende que “não é saudável para o mercado o Estado investir tanto em comboios”, declarações a propósito da ligação ferroviária Lisboa-Porto em alta velocidade e quando lhe foi comunicado que a CP se preparava para adquirir 14 automotoras para este serviço.

O governante afirma que “não vamos comprar tantos comboios quantos a CP queria” porque “queremos privados nessa concorrência, tanto portugueses como estrangeiros”.

A CP terá, de acordo com o Público, ficado surpreendida uma vez que terá já apresentado o plano de negócio para o setor e, então, “o governante não manifestou qualquer opinião negativa sobre o que lhe foi exposto”.

O Bloco de Esquerda reagiu esta terça-feira entregando na Assembleia da República um requerimento para ouvir o governante sobre o tema.

Marisa Matias explicou ao Diário de Notícias que a posição de Pinto Luz não é compreensível “até porque não cabe ao Governo tomar decisões a este respeito”. A decisão é da CP e quem se deve pronunciar é a Autoridade da Mobilidade e do Transporte.

Para o Bloco, “os caminhos de ferro são absolutamente fundamentais, não só para a modernização do país, mas também quando pensamos em desenvolvimento sustentável, como é o caso das alterações climáticas”. Por isso, a deputada bloquista que assina este pedido de audição diz “a única explicação que pode haver é que o Governo queira favorecer operadores privados”.

O partido entende que este serviço será melhor “cumprido pela CP do que colocando uma lógica de concorrência com os empresários privados”.

A posição veiculada pelo ministro é assim “lesiva do interesse público” e “põe em causa a sustentabilidade futura de uma empresa estratégica para o país” já que “se a CP ficar limitada na alta velocidade, isto significa que a empresa pública fica com a parte potencialmente deficitária do transporte ferroviário para abrir espaço para o negócio privado de outros operadores”.

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