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"Ministro da Educação não olha a meios para enxovalhar os professores"

O primeiro dia de greve dos professores nas escolas do Norte e Centro do país ficou condicionado pelos serviços mínimos decretados pelo Governo. Líder da Fenprof apela aos pais para não levarem os filhos à escola na sexta-feira.
Concentração esta quinta-feira à porta da Escola Secundária de Valadares, Vila Nova de Gaia. Foto Fenprof/Facebook

"Nem durante o estado de emergência tivemos condicionado o exercício da nossa atividade letiva como está a ser condicionado agora" com os serviços mínimos decretados à greve da frente sindical, afirmou à RTP Sónia Duarte, professora em Vila Nova de Gaia. A sua escola foi uma das que tiveram concentrações de protesto à porta, com boa parte dos docentes inibidos de aderir à paralisação por causa da exigência de um mínimo de três horas de aulas por turma.

"Corremos o risco de ter faltas injustificadas se as nossas turmas não cumprirem as tais três horas. Isto leva a que muitos de nós não possamos usufruir do direito à greve porque temos de estar continuamente na escola", afirmou Paulo França, professor em Viseu.

"O ministro da Educação não olha a meios para enxovalhar os professores. Mas os professores farão como fizeram ontem em Faro e amanhã em Braga: desde que ele não vá às escondidas e não entre pelas portas dos fundos, os professores estão lá para protestar onde ele estiver", prometeu Mário Nogueira em Coimbra.

À entrada do Conselho de Ministros em Faro, a polícia fez recuar os professores e funcionários dos impostos que aguardavam a chegada do primeiro-ministro. "Esta iniciativa chama-se Governo mais próximo. E eu questiono: mais próximo de quem?", afirmou uma manifestante. António Costa viu de longe a concentração e disse aos jornalistas que "nós estamos em negociação permanente, as negociações estão a correr, deixemo-las correr a ver se correm bem".

"Amanhã também há uma greve da Função Pública que não tem serviços mínimos"

Em Coimbra, o líder da Fenprof sublinhou a indignação da classe docente, lembrando que "amanhã também há uma greve da Função Pública que não tem serviços mínimos, o que demonstra a perseguição que este Governo tem feito aos professores".

Mário Nogueira deixou o apelo aos pais para que não levem os filhos à escola nesta greve que na sexta-feira afetará as escolas do sul do país. "Apelamos aos pais por dois motivos: o primeiro por razões de solidariedade, penso que os pais percebem as razões da luta dos professores; por outro lado, como estes serviços não são iguais em todo o lado, pode acontecer que muitos alunos tenham uma aula agora e fiquem o resto do dia sem qualquer tipo de atividade", afirmou o líder da Fenprof.

A proposta do Governo quanto aos concursos é vista pelos sindicatos como "um verdadeiro tratado para desterrar professores, para mandar professores para 200 e 300 quilómetros de casa e dificultar-lhes a aproximação", apontou Mário Nogueira. Em Gaia, o secretário-geral adjunto da Fenprof, Francisco Gonçalves, diz que esta "é uma questão muito sensível para os professores do Norte, pois como sabemos, o grosso dos professores são do Norte e a principal falta de professores é a Sul, nomeadamente na região de Lisboa e Algarve.

Depois destes dois dias de greve, sábado há manifestações em Lisboa e Porto convocadas pelos sindicatos ASPL, FENPROF, FNE, PRÓ-ORDEM, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU, com concentrações marcadas para as 15h30. Em Lisboa, o ponto de encontro é no Rossio, seguido de desfile até à Assembleia da República. No Porto, a concentração é na Praça do Marquês e o desfile vai percorrer o centro da cidade até à Avenida dos Aliados.

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