Ministro da Economia branqueia papel de Franquelim Alves na fraude do BPN

06 de fevereiro 2013 - 16:12

Álvaro Santos Pereira, ministro da Economia, disse na AR que Franquelim Alves foi um dos que “ajudou a desmascarar” as fraudes do BPN e invocou uma carta que este teria escrito em 2 de junho de 2008. Na verdade, a carta não é dele mas da administração da SLN e não é uma denúncia, mas resposta a pedido de esclarecimentos do Banco de Portugal. A deputada Mariana Aiveca do Bloco diz ao ministro que só lhe resta uma solução: demitir Franquelim Alves.

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O ministro da Economia acusou “alguns partidos” e “algumas pessoas” de “uma tentativa de linchamento político” de Franquelim Alves e defendeu o seu atual secretário de Estado, afirmando que “foi uma das pessoas que ajudou a desmascarar a fraude do BPN”. A deputada Mariana Aiveca do Bloco acusou o ministro de tentativa de branqueamento e disse-lhe que só lhe resta uma solução: demitir Franquelim Alves – Foto de Mário Cruz/Lusa

A deputada Mariana Aiveca questionou o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, na comissão parlamentar de segurança social sobre a nomeação de Franquelim Alves, ex-administrador da SLN para secretário de Estado: “Pergunto-lhe: Chegaram ao fim da linha? Não têm mais ninguém para nomear? Senhor ministro, tem necessidade disto? Acha que o seu ministério, acha que o país precisa de um secretário de Estado para a competitividade e a inovação com este curriculum?”

A deputada do Bloco concluiu: “Nós achamos que não e achamos que só lhe resta exatamente uma solução: demitir este secretário de Estado!”

O ministro da Economia acusou “alguns partidos” e “algumas pessoas” de “uma tentativa de linchamento político” de Franquelim Alves e procurou defender o seu atual secretário de Estado, afirmando que “foi uma das pessoas que ajudou a desmascarar a fraude do BPN”. Para justificar esta tese, Álvaro Santos Pereira invocou uma “carta de 2 de junho de 2008”, que Franquelim Alves teria escrito a denunciar as irregularidades.

A deputada Mariana Aiveca respondeu então ao ministro: "Não vale a pena vir aqui fazer o papel quase de calimero relativamente à nomeação do seu secretário de Estado para o empreendedorismo e inovação. Não vale a pena vir fazer esse papel, porque esse é o papel de branqueamento do secretário de Estado que nomeou".

Na verdade, a carta a que se refere o ministro é da administração da SLN, é uma resposta a perguntas do Banco de Portugal e só surgiu depois de se saber as irregularidades do grupo.

A TVI recorda que a 2 de junho de 2008 a administração da SLN já conhecia o Insular há três meses, pelo menos.

Na comissão parlamentar de inquérito à nacionalização do BPN, em 2009, o então governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, disse que foi “em 2008 e por denúncia anónima é que o Banco de Portugal perguntou à SLN se tinha alguma ligação ao Banco Insular”.

Na mesma comissão parlamentar em março de 2009, o próprio Franquelim Alves admitiu que conheceu o Banco Insular em fevereiro de 2008, quatro meses antes da referida carta de resposta às perguntas do Banco de Portugal.

Franquelim Alves justificou-se assim na comissão parlamentar:

“Julgo que aqui houve, acima de tudo, uma atitude de prudência de apenas comunicar ao Banco de Portugal as situações no momento em que havia a certeza inequívoca que havia casos graves de irregularidades, e, no caso do Banco Insular, de fraude efetiva”.