Está aqui

Milhares de refugiados concentram-se junto à fronteira grega

O presidente turco Erdogan abriu as fronteiras em protesto contra a falta de apoio europeu à sua intervenção militar na Síria. Atenas chama-lhe "estado-traficante", enquanto na ilha grega de Lesbos, opositores à construção de centros de detenção estão a impedir o desembarque de refugiados.
Milhares de pessoas tentam chegar à Europa.
Grupo de pessoas caminha entre a fronteira da Turquia e da Grécia este domingo, depois de Erdogan ter aberto a fronteira turca. Erden Sahim/EPA

Pelo menos 13 mil pessoas estão concentradas nos pontos de passagem entre a Turquia e a União Europeia, segundo a Organização Internacional para as Migrações. A Turquia permitiu a passagem dos refugiados e migrantes, tal como prometera o presidente Recep Tayyip Erdogan após o ataque aéreo sírio que matou 33 soldados turcos na província de Idlib. Erdogan queixa-se da falta de apoio europeu à sua incursão militar na Síria para proteger as zonas ocupadas pela oposição dos avanços das tropas de Assad, apoiadas pela Rússia e o Irão.

“Eles não acreditaram no que dissemos. E o que é que fizemos ontem? Abrimos a fronteira. O número de pessoas a atravessar as portas para a Europa atingiu 18 mil no sábado de manhã, mas hoje o número pode chegar a 30 mil, e não iremos encerrar as passagens tão cedo”, prometeu Erdogan num discurso no sábado, citado pelo Guardian. Este domingo, um porta-voz do governo turco disse à Bloomberg que cerca de 80 mil pessoas já deixaram a Turquia, sem se saber no entanto se já entraram na UE ou se estão nas zonas fronteiriças com a Grécia e a Bulgária.

O governo grego reuniu este domingo de emergência, com o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis a desdobrar-se em contactos com os líderes europeus e a reforçar a presença militar junto à fronteira. A oposição liderada pelo Syriza já apelou ao governo para “internacionalizar o problema e exigir uma intervenção imediata da União Europeia”, a começar pela convocação de uma reunião urgente do Conselho Europeu.

Após a reunião, o porta-voz do governo acusou a Turquia de se comportar como um "estado-traficante" e anunciou que a Grécia não irá registar nenhuma entrada nos próximos 30 dias e que todos os requerentes de asilo serão enviados de volta para a Turquia. Uma intenção confirmada pelo primeiro-ministro em seguida nas redes sociais.

A polícia grega prendeu no sábado 73 pessoas por tentativa de entrada no país. Todos os que se aproximam da fronteira recebem uma mensagem SMS do governo grego a informar que o nível de segurança na fronteira é máximo e com o aviso para não tentarem entrar em território grego.

Refugiados impedidos de desembarcar em Lesbos

A par das consequências do braço de ferro entre a Turquia e a UE, com a primeira a denunciar na prática o acordo em que se comprometia a manter os refugiados no seu território, nas ilhas gregas o sentimento xenófobo tem crescido nas últimas semanas. Os campos de refugiados estão sobrelotados e as promessas do governo para transferir refugiados para o continente não foi cumprida. O plano de Mitsotakis para substituir os atuais campos por centros de detenção fechados também não foi bem acolhido pela população, com manifestações encabeçadas por autarcas do próprio partido do governo, a Nova Democracia.

Em resposta a essas manifestações contra a construção dos centros de detenção, o primeiro-ministro grego mandou reprimi-las com polícia de choque enviada do continente, contribuindo assim para acirrar ainda mais os ânimos na ilha. Este fim de semana, grupos organizados patrulhavam a costa para tentarem impedir desembarques e atacar os autocarros da polícia com destino ao campo de Moria. No porto de Themi, um barco com dezenas de pessoas foi impedido de desembarcar, por entre insultos dirigidos ao representante do ACNUR na ilha e agressões a jornalistas.

 

Termos relacionados Internacional
(...)