Gaza

Milhares de norte-americanos dizem a Netanyahu que é um criminoso de guerra

25 de julho 2024 - 16:11

O primeiro-ministro israelita foi aos EUA em busca de mais apoio para a continuação do genocídio. Deparou-se com milhares de manifestantes nas ruas de Washington, com judeus que disseram que não o faz em seu nome. Enquanto falava no Capitólio, Rashida Tlaib mostrava um cartaz a lembrar que é “culpado de genocídio”.

PARTILHAR
Manifestação contra Netanyahu em Washington.
Manifestação contra Netanyahu em Washington. Foto de Jim Lo Scalzo/EPA/Lusa.

O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu está de visita aos Estados Unidos e esta quarta-feira milhares de pessoas mobilizaram-se em protestos contra o genocídio em Gaza.

Enquanto o líder sionista procurava, perante o Congresso e em encontros ao mais alto nível, assegurar a continuidade do apoio militar norte-americano, os números oficiais de mortes desde o início da ofensiva por si comandada ultrapassaram os 39.000. No seu discurso, apelou a que “as forças da civilização triunfem”.

Um grupo de meio milhar de judeus tinha, no dia anterior à sua intervenção, entrado no edifício do Capitólio vestidos de vermelho a cantar palavras de ordem e com faixas. Exigiam um embargo de armas a Israel e um acordo de cessar-fogo. Trouxeram mensagens como “deixem Gaza viver”, “liberdade para a Palestina”, “não em nosso nome” e “parem o genocídio”.

A ação foi organizada pela Voz Judaica pela Paz e duas dúzias de rabinos participaram nela. Esta entidade escreveu em comunicado que “durante nove meses, assistimos com horror ao governo israelita implementar um genocídio armado e financiado pelos EUA” exigindo-se o fim deste apoio.

Saldou-se em cerca de 200 detenções de acordo com a polícia do Capitólio já que as manifestações dentro deste edifício são ilegais.

E enquanto Netanyahu discursava perante senadores e congressistas, milhares à volta do edifício repetiam as mensagens da véspera cantando “Palestina livre”, exigindo o cessar-fogo e o fim da ajuda militar dos EUA a Israel. Chris Habibi, um dos organizadores, em declarações à RFI, acredita que são “a maioria neste país”. Chama Netanyahu como criminoso de guerra, diz que nunca deveria ter sido convidado para falar no Congresso mas acrescenta que ele “não é o único a ter sido reconhecido culpado do crime de apartheid e de genocídio em curso em Gaza”.

O Hotel Watergate, onde estava alojado Netanyahau, não escapou à vaga de contestação e o Movimento de Juventude Palestina, apesar das medidas de segurança conseguiu entrar, lançado uma grande quantidade de insetos (vermes e grilos) nos corredores e tendo acionado os alarmes de incêndio.

O mesmo hotel viu projetada nas suas paredes a mensagem: “prendam o criminoso de guerra Netanyahu”.

Houve ainda quem tivesse tingindo a água de várias fontes de vermelho para simbolizar o sangue que ele tem nas mãos".

E no interior do edifício do Capitólio voltou a haver protestos também com seis pessoas a terem sido presas por “perturbar” o discurso do líder sionista de acordo com a polícia do Capitólio.

E não foram só manifestantes a criticar o apoio do governo norte-americano à máquina de guerra do Estado sionista. Figuras políticas como o senador Bernie Sanders, ex-candidato à nomeação presidencial pelos Democratas, consideram uma “vergonha” o convite para chefe do executivo israelita discursar no Congresso qualificando-o como um “criminoso de guerra” que chefia um “Governo de extrema-direita”.

Vários outros dos eleitos Democratas boicotaram a sessão com Netanyahu como Nancy Pelosi ou Alexandria Ocasio-Cortez. A ex-speaker democrata declarou que foi “de longe a pior” declaração feita naquele órgão por um dignitário estrangeiro.

Ao todo terão sido mais de metade, o que corresponde a mais de uma centena de senadores e de congressistas.

Rashida Tlaib, a única congressista palestiniana-americana, esteve presente para que o seu povo “não seja apagado”. Ao mesmo tempo que Netanyahu falava, de Keffiyeh, o lenço que é símbolo da causa palestiniana, mostrou um cartaz que num lado tinha escrito “criminoso de guerra” e no outro “culpado de genocídio”.

Houve ainda quem, entre os democratas, se tenha recusado cumprimentar o governante sionista como o fez Chuck Schumer, líder democrata no Senado.