O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu está de visita aos Estados Unidos e esta quarta-feira milhares de pessoas mobilizaram-se em protestos contra o genocídio em Gaza.
Enquanto o líder sionista procurava, perante o Congresso e em encontros ao mais alto nível, assegurar a continuidade do apoio militar norte-americano, os números oficiais de mortes desde o início da ofensiva por si comandada ultrapassaram os 39.000. No seu discurso, apelou a que “as forças da civilização triunfem”.
Um grupo de meio milhar de judeus tinha, no dia anterior à sua intervenção, entrado no edifício do Capitólio vestidos de vermelho a cantar palavras de ordem e com faixas. Exigiam um embargo de armas a Israel e um acordo de cessar-fogo. Trouxeram mensagens como “deixem Gaza viver”, “liberdade para a Palestina”, “não em nosso nome” e “parem o genocídio”.
A ação foi organizada pela Voz Judaica pela Paz e duas dúzias de rabinos participaram nela. Esta entidade escreveu em comunicado que “durante nove meses, assistimos com horror ao governo israelita implementar um genocídio armado e financiado pelos EUA” exigindo-se o fim deste apoio.
Amid this terror, the collective hope for Palestinian freedom is palpable. From the mass shutdowns of bridges, highways, and train stations, to the occupation of government buildings and newspaper offices, to BDS victories and the launch of new boycotts, to the hundreds of… pic.twitter.com/5xGPBqY4VN
— Jewish Voice for Peace (@jvplive) July 23, 2024
Saldou-se em cerca de 200 detenções de acordo com a polícia do Capitólio já que as manifestações dentro deste edifício são ilegais.
E enquanto Netanyahu discursava perante senadores e congressistas, milhares à volta do edifício repetiam as mensagens da véspera cantando “Palestina livre”, exigindo o cessar-fogo e o fim da ajuda militar dos EUA a Israel. Chris Habibi, um dos organizadores, em declarações à RFI, acredita que são “a maioria neste país”. Chama Netanyahu como criminoso de guerra, diz que nunca deveria ter sido convidado para falar no Congresso mas acrescenta que ele “não é o único a ter sido reconhecido culpado do crime de apartheid e de genocídio em curso em Gaza”.
BREAKING :
Happening right now in Washington, D.C.
Massive crowds are marching to demand the arrest of war criminal Benjamin Netanyahu.
🇵🇸🇵🇸🇵🇸🇵🇸🇵🇸🇵🇸🇵🇸🇵🇸🇵🇸pic.twitter.com/kLYPFYVo7U— sarah (@sahouraxo) July 24, 2024
O Hotel Watergate, onde estava alojado Netanyahau, não escapou à vaga de contestação e o Movimento de Juventude Palestina, apesar das medidas de segurança conseguiu entrar, lançado uma grande quantidade de insetos (vermes e grilos) nos corredores e tendo acionado os alarmes de incêndio.
Worms and maggots greet Israeli PM in his US hotel
American protestors gain access to the Watergate Hotel in Washington DC, where Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu is staying during his state visit, and left mealworms and maggots on the floors and in meeting rooms. pic.twitter.com/j8tCHJ5ZmL— Middle East Monitor (@MiddleEastMnt) July 25, 2024
O mesmo hotel viu projetada nas suas paredes a mensagem: “prendam o criminoso de guerra Netanyahu”.
WANTED: #ArrestNetanyahu was projected onto the windows of the hotel Netanyahu is staying at in Washington DC. Bibi, wherever you go, you will hear that you are a war criminal. pic.twitter.com/GmDQVNZlaz
— Dr. Omar Suleiman (@omarsuleiman504) July 24, 2024
Houve ainda quem tivesse tingindo a água de várias fontes de vermelho para simbolizar o sangue que ele tem nas mãos".
BLOOD ON THEIR HANDS 🩸
Protesting Netanyahu’s visit to deliver a speech to Congress, activists in Washington DC dyed multiple fountains around Capitol Hill with red and projections cast demanding the arrest of war criminal Netanyahu. pic.twitter.com/m13OWxJoQK— PALESTINE ONLINE 🇵🇸 (@OnlinePalEng) July 24, 2024
E no interior do edifício do Capitólio voltou a haver protestos também com seis pessoas a terem sido presas por “perturbar” o discurso do líder sionista de acordo com a polícia do Capitólio.
E não foram só manifestantes a criticar o apoio do governo norte-americano à máquina de guerra do Estado sionista. Figuras políticas como o senador Bernie Sanders, ex-candidato à nomeação presidencial pelos Democratas, consideram uma “vergonha” o convite para chefe do executivo israelita discursar no Congresso qualificando-o como um “criminoso de guerra” que chefia um “Governo de extrema-direita”.
Netanyahu is a war criminal.
We must do everything in our power to end the war in Gaza, and provide immediate humanitarian relief to the people who are suffering there. pic.twitter.com/fjyP7XntGN— Bernie Sanders (@SenSanders) July 24, 2024
Vários outros dos eleitos Democratas boicotaram a sessão com Netanyahu como Nancy Pelosi ou Alexandria Ocasio-Cortez. A ex-speaker democrata declarou que foi “de longe a pior” declaração feita naquele órgão por um dignitário estrangeiro.
Ao todo terão sido mais de metade, o que corresponde a mais de uma centena de senadores e de congressistas.
Rashida Tlaib, a única congressista palestiniana-americana, esteve presente para que o seu povo “não seja apagado”. Ao mesmo tempo que Netanyahu falava, de Keffiyeh, o lenço que é símbolo da causa palestiniana, mostrou um cartaz que num lado tinha escrito “criminoso de guerra” e no outro “culpado de genocídio”.
"I will never back down in speaking truth to power," says @RashidaTlaib in protest of Netanyahu's address to Congress. "The apartheid government of Israel is committing genocide against Palestinians." https://t.co/ENwGHFseUV
— Common Dreams (@commondreams) July 24, 2024
Houve ainda quem, entre os democratas, se tenha recusado cumprimentar o governante sionista como o fez Chuck Schumer, líder democrata no Senado.