Miguel Teotónio Pereira (1955-2024)

06 de agosto 2024 - 22:41

Rebelde que nunca se vergou, as suas convicções não mudaram com o ar dos tempos ou das conveniências.

porFrancisco Louçã

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Miguel Teotónio Pereira
Miguel Teotónio Pereira

Depois de uma intensa atividade na luta estudantil contra a ditadura (esteve preso na sequência da ocupação da Capela do Rato em 1972 e foi expulso do seu liceu, o Padre António Vieira, em Lisboa), o Miguel foi em 1974 um dos fundadores do MES. Manteve a sua posição quando o partido se dissolveu e uma parte dos dos seus dirigentes aderiu ao PS. Rebelde que nunca se vergou, as suas convicções não mudaram com o ar dos tempos ou das conveniências.

Estuda história quando o 25 de Abril o levou pelos caminhos da luta política. Foi operário, motorista de uma empresa de construção civil, vendedor de máquinas de escrever, trabalhou numa cooperativa de produção e noutra cultural, num sindicato e num clube de leitura. Há cerca de quarenta anos mudou-se para Marvão, uma das suas raízes familiares. E foi aí que voltou a empenhar-se partidariamente quando o Bloco de Esquerda se formou, foi um dos organizadores do primeiro núcleo no distrito de Portalegre. Descontente com a forma de organização territorial do Bloco, afastou-se depois, o que nada mudou da sua insubmissão.

O Miguel foi um combatente como poucas pessoas, de amizades fiéis e de coerência total. É quando um camarada e amigo destes desaparece que sentimos o peso imenso do que ficou por dizer e do que precisávamos de fazer, a história que nos persegue com o tanto que ficou a faltar.

Francisco Louçã
Sobre o/a autor(a)

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.