Através de imagens de satélite, os cientistas do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, sediado em Ispra, na Itália, têm estado a monitorizar as formas como as praias de todo o mundo têm mudado ao longo dos últimos trinta anos. A partir daí fizeram uma simulação sobre como o aquecimento global vai mudá-las no futuro.
As conclusões do estudo publicado esta segunda-feira na revista Nature Climate Change não são otimistas. Metade das praias arenosas do mundo estão em risco de desaparecer até ao fim do século se não se inverterem radicalmente as causas das alterações climáticas.
O efeito das alterações climáticas e da subida do nível dos mares será desigual, avisam os autores. Países como a Austrália, o Suriname e as ilhas Comoros serão bastante afetados. Bem como os da África ocidental, como a Gâmbia e a Guiné-Bissau, que podem perder 60% das suas praias. Outros, como o Paquistão, sofrerão perdas bem menores.
Os efeitos dependerão do nível do aumento das temperaturas. Os autores consideram improvável o aumento de 1,5º, o cenário previsto no Acordo de Paris, por isso trabalharam com dois outros: um de aumento em 2,4º e outro do dobro deste valor.
Para eles, 40% destes efeitos ainda podem ser revertidos, através de uma redução de emissões com efeito de gases de estufa. Porém, alertam que, para além disso, serão sempre necessárias medidas de mitigação do impacto das alterações climáticas nas zonas costeiras. Mesmo que uma redução forte das emissões de gases com efeito de estufa acontecesse, um terço das praias continuariam em perigo.
40% das praias nacionais poderão desaparecer
O nosso país, não sendo daqueles que mais sofrerão, também vai ser afetado. Ao jornal Público, Theocharis Plomaritis, investigador da Universidade de Cádis e membro do Centro de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Algarve, declara que, em Portugal, podem ser, no pior dos cenários, perdidas 39,5% das praias. Se tudo correr pelo menor, ainda assim as perdas são significativas: Portugal perde 29,8% das suas praias durante este século.
O mesmo investigador calculo que “as alterações climáticas podem resultar, em média, no recuo da linha costeira em mais de 100 metros até 2100 a nível global”.