A sala do Olympe de Gouges, em Paris, foi pequena demais para o comício desta quarta-feira da NUPES, a Nova União Popular, Ecológica e Social, que junta a França Insubmissa, o Partido Socialista, o Partido Comunista, os Verdes, entre outros. Mas com a ajuda de um ecrã gigante colocado no exterior ninguém ficou sem acompanhar as intervenções.
O discurso mais aguardado era o do ex-candidato presidencial Jean-Luc Mélenchon, o porta-voz da coligação que vive num clima de esperança. A esquerda conseguiu centrar sobre si as atenções mediáticas, as sondagens têm sido positivas e mostram que é este campo que desafia a maioria de Macron. Por exemplo, na terça-feira, a sondagem da IBOP projetava a possibilidade de o atual presidente perder a maioria absoluta com entre 275 a 310 lugares. Já a NUPES teria entre 170 a 205 e a União Nacional de Le Pen com 20 a 50.
E Mélenchon não fez por menos. No seu tom de tribuno, dirigiu-se aos presentes dizendo que a mobilização a que se estava a assistir fazia com que as hipóteses de vencer sejam agora “muito elevadas” o que torna possível “mudar a orientação geral da vida em sociedade”. E os presentes acreditam. Pelo menos a julgar pelo clamor que se levantava na sala: “vamos ganhar”.
A NUPES apresenta-se como “alternativa” para quem “compreender que isto não pode ficar como está” diz Mélenchon que não é candidato a deputado. E lista alguns dos problemas como as escolas e os hospitais em dificuldades, a subida da pobreza, a inação climática, causados pelos liberais que “arruinaram e desorganizaram o Estado com a ideia de que o mercado o iria substituir”.
On n'a pas pu rentrer au meeting de @JLMelenchon mais grâce à la super équipe d'organisation on est très nombreux à le suivre dehors sur un écran.
Beaucoup d'enthousiasme : on va gagner ! #NupesParis pic.twitter.com/sKmQKHTlyt
— Côme Delanery (@CDelanery) June 1, 2022
O líder da França Insubmissa também não perde uma ocasião para sublinhar o feito histórico que foi juntar a esquerda em pouco tempo depois das presidenciais em que não tinha conseguido passar à segunda volta por muito pouca margem. Diz que “é a primeira vez em toda a história da nossa família desde 1789 que na primeira volta apresentamos candidatos únicos, à volta de um programa que conta com 650 medidas”, um programa que não só os faz “partilhar um cultura comum” como traz para a disputa política “a ideia de que há bens comuns”.