Os médicos tarefeiros estão a organizar a resposta ao anunciado decreto do Governo para reduzir a despesa crescente com os pagamentos a estes prestadores de serviços que chegam a ganhar mais do dobro dos colegas de turno que pertencem aos quadros do SNS. A edição desta quarta-feira do jornal Público revela que no grupo de WhatsApp que junta mais de mil tarefeiros está a ser anunciada uma paralisação geral das urgências por um período mínimo de três dias a ter início quando o decreto-lei for publicado.
Na prática, estes médicos irão formalizar por email junto dos diretores de serviço ou conselhos de administração a intenção de “não dar disponibilidades ou retirar disponibilidades, dependendo do que vier no diploma do Governo”.
O documento elaborado no seio do grupo acusa os sucessivos ministérios da Saúde de tratarem os tarefeiros “como médicos de segunda classe, ignorando o valor, o sacrifício e a dedicação de quem assegura a linha da frente das urgências hospitalares”. E dizem-se “ostracizados, desvalorizados e excluídos das decisões que moldam o futuro da profissão médica em Portugal”.
No ano passado a despesa com estes prestadores de serviços ascendeu a 213 milhões de euros e este ano tudo indica que irá subir, pois só até agosto o Estado já pagou 162 milhões, mais 19% que no mesmo período de 2024.