Marrocos expulsa ativista portuguesa dos direitos humanos

10 de dezembro 2019 - 22:21

Isabel Lourenço é também repórter do jornal Tornado e foi expulsa dos territórios ocupados do Sahara Ocidental pelas autoridades de Marrocos. Ao esquerda.net, José Manuel Pureza declara que expulsão “é um ato grave, que merece a mais firme reprovação”. Bloco questiona Governo.

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Isabel Lourenço, ativista dos direitos humanos, expulsa por autoridades marroquinas - Foto retirada do jornal Tornado
Isabel Lourenço, ativista dos direitos humanos, expulsa por autoridades marroquinas - Foto retirada do jornal Tornado

Isabel Lourenço, que foi expulsa esta terça-feira às 16h30, é também membro da Fundação Sahara Ocidental e colaboradora de porunsaharalibre.org, e de acordo com este site, participou em conferências e fóruns internacionais, nas Sessões de Direitos Humanos das Nações Unidas, no 4º Comité da ONU e em vários eventos no Parlamento Europeu.

Segundo a notícia do jornal e do site, Isabel Lourenço não deu qualquer falso pretexto para a sua visita, declarando claramente que pretendia acompanhar a situação de famílias de presos saharauís de Gdeim Izik, assim como das famílias do preso Mansour El Moussaui de 19 anos e da sua prima Mahfouda Lefkir, de 34 anos. Mahfouda Lefkir foi condenada a 6 meses de prisão e a uma multa de 2.000 dirham por ter gritado no final do julgamento de Mansour, dentro da sala do tribunal, contra a ocupação de Marrocos e contra a injustiça do julgamento.

Ato grave, que merece a mais firme reprovação”

Ao esquerda.net, o deputado José Manuel Pureza declara: “É uma triste e terrível ironia que Isabel Lourenço, que se deslocou a Marrocos para averiguar o cumprimento dos direitos humanos de detidos saharauis e das suas famílias tenha sido expulsa pelas autoridades marroquinas no Dia Internacional dos Direitos Humanos”.

É uma triste e terrível ironia que Isabel Lourenço tenha sido expulsa pelas autoridades marroquinas no Dia Internacional dos Direitos Humanos

Destacando que “a expulsão de Isabel Lourenço de Marrocos é um ato grave, que merece a mais firme reprovação”, José Manuel Pureza sublinha que o ato é também “a prova de que o empenhamento solidário com a luta do povo do Sahara ocidental pelos seus direitos, incluindo o direito à autodeterminação causa incómodo a quem nega esses direitos”.

“O Bloco de Esquerda está solidário com esta ativista dos direitos humanos e exige do Governo português que assegure a sua segurança pessoal e que garanta os seus direitos fundamentais e que reprove inequivocamente a decisão do governo marroquino”, salienta ainda o deputado bloquista.

Expulsão de Isabel Lourenço de Marrocos é um ato grave e inamistoso para com Portugal”

Em pergunta ao governo, o Bloco de Esquerda considera que “a expulsão de Isabel Lourenço de Marrocos é um ato grave e inamistoso para com Portugal e para com todos os que se empenham na defesa dos direitos humanos”.

O grupo parlamentar bloquista pergunta ao governo se tem conhecimento da situação; que diligências encetou junto do governo marroquino para assegurar “a defesa integral dos direitos de Isabel Lourenço e a sua segurança pessoal”; se tenciona exprimir reprovação pela expulsão junto do governo de Marrocos.

No documento, o grupo parlamentar bloquista salienta que Isabel Lourenço “é uma conhecedora particularmente qualificada da situação de direitos humanos no território do Sahara Ocidental, que acompanhou durante os últimos vinte anos”, que foi “observadora internacional acreditada pela Fundación Sahara Occidental em vários julgamentos de cidadãos saharauis” e que, nesta qualidade, “participou nos trabalhos da IV Comissão da ONU e em vários eventos no Parlamento Europeu”.