Mariana Mortágua foi à Autoeuropa apresentar propostas para trabalhadores por turnos

18 de janeiro 2024 - 15:52

A coordenadora bloquista deu o exemplo desta empresa para defender que quando há mecanismos de negociação e contratação coletiva, "o país fica melhor e as empresas ficam mais fortes".

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Mariana Mortágua na Autoeuropa
Mariana Mortágua na Autoeuropa. Foto Rui Minderico/Lusa

Mariana Mortágua esteve esta quinta-feira com trabalhadores da fábrica automóvel Autoeuropa, em Palmela, e destacou as propostas que o Bloco de Esquerda vai apresentar no seu programa para os cerca de 800 mil trabalhadores por turnos que existem em Portugal.

Para a coordenadora bloquista, o caso da Autoeuropa mostra que "quando há comissões de trabalhadores fortes, quando há negociação com os trabalhadores, quando as reivindicações são ouvidas, quando há mecanismos de negociação e contratação coletiva, o país fica melhor, a economia fica melhor e as empresas ficam mais fortes".

Por ser preciso "proteger o direito ao trabalho e o trabalho com direitos" para o país ter uma economia "que paga bons salários e que respeita quem trabalha", o Bloco vai apresentar propostas para a situação das 800 mil pessoas que trabalham por turnos e que, ao contrário do que acontece na Autoeuropa, "veem a sua vida completamente desestruturada". Uma das propostas passa por "garantir que a cada seis semanas há dois fins de semana de descanso", porque "não é igual ter uma folga à quarta-feira ou ao sábado por poder estar com a família" e "os trabalhadores da Autoeuropa sabem-no bem".

No programa eleitoral que será apresentado este fim de semana, o Bloco vai propor ainda que sejam pagos subsídios aos trabalhadores por turnos, que possam ter uma reforma antecipada que seja condizente com esse desgaste, e que existam 24 horas de descanso a cada mudança de turno.

TAP: "Gestores pagos a peso de ouro não são garantia de uma boa gestão"

Questionada pelos jornalistas sobre os argumentos do Estado no processo judicial do despedimento da antiga administradora da TAP, Mariana Mortágua começou por sublinhar que o caso da TAP é mais um exemplo de que que "ter gestores pagos a peso de ouro não são garantia de uma boa gestão". Lembrou que foi o Bloco de Esquerda que, "a seu tempo, propôs uma comissão de inquérito à gestão da TAP e fizemo-lo bem, porque destapou uma forma como a empresa era mal gerida. pela sua CEO e pela tutela".

Para a coordenadora bloquista, o executivo da maioria absoluta do PS cometeu vários erros na gestão da TAP e tem responsabilidades "não só na indemnização milionária que foi paga a uma administradora da TAP, mas também na forma como a própria demissão da CEO da TAP foi feita, abrindo portas a potenciais litigâncias da TAP contra a CEO, mas da CEO contra o Estado português". mariana Mortágua concluiu que "tudo isto poderia ter sido evitado com uma gestão que fosse mais cautelosa, mais rigorosa e mais exigente".

A outras questões dos jornalistas, desta vez sobre o aeroporto e o TGV, Mariana Mortágua respondeu que são investimentos necessários e que deviam ter sido feitos há anos, pelo que o país paga hoje o preço de não os ter feto no passado. "Portugal é um país periférico, não pode ficar isolado, não pode deixar de investir na ferrovia", afirmou a coordenadora bloquista quanto ao TGV. Já sobre o aeroporto, alertou para "o interesse de uma empresa privada que se está a sobrepor ao interesse público e que arrasta esta decisão, condicionando os decisores públicos e também a oposição", dando o exemplo do PSD, que "não tem uma posição sobre o aeroporto, porque quem manda nessa decisão é a ANA, e a ANA é concessionária privada a quem o PSD, o CDS, a quem é direita, deu todos os direitos sobre os aeroportos em Portugal, num negócio que foi ruinoso para o Estado". Mariana Mortágua defendeu ainda que o atual aeroporto de Lisboa "não pode continuar" porque "é um aeroporto demasiado pequeno. que polui demasiado e que não garante condições", sendo classificado "como um dos piores aeroportos do mundo".