O plano anunciado por Donald Trump para que os Estados Unidos tomem conta da Faixa de Gaza, com vista a transformá-la numa “Riviera” do Médio-Oriente e com a população a ser transferida para outro lugar, provocou reações de condenação em todo o mundo. No caso português, a única reação do Governo tinha sido a do ministro Nuno Melo para dizer que não comentava as “singularidades da política interne” dos EUA.
No debate quinzenal no Parlamento, Mariana Mortágua quis saber se o primeiro-ministro subscrevia essa reação. “Também acha que a invasão da Ucrânia foi uma singularidade da política russa e do Sr. Putin?”, questionou Mariana Mortágua, desafiando Montenegro a condenar “o projeto de limpeza étnica de Gaza” anunciado na véspera por Donald Trump.
Montenegro começou por responder que “todos os países têm singularidades nas suas políticas internas, incluindo o nosso” e reafirmou genericamente a posição portuguesa a favor de uma “solução de dois estados que possa fazer conviver em paz” os povos de Israel e da Palestina. Em seguida prometeu que o Estado “jamais” seria complacente com planos de limpeza étnica, ressalvando que “não tiramos conclusões precipitadas” da intervenção do presidente dos EUA.
Mariana Mortágua insistiu e de forma direta perguntou a Luís Montenegro se condena as palavras de Donald Trump. Na resposta, o primeiro-ministro afirmou que “condeno qualquer intervenção, propósito ou intenção de promover uma limpeza étnica”.
“Prometeu um plano para salvar o SNS e pôs em prática um plano para salvar a ministra da Saúde”
Antecipando a interpelação ao Governo sobre a partidarização do SNS e a degradação do acesso à Saúde que terá lugar na quinta-feira, Mariana Mortágua voltou a questionar Luís Montenegro sobre as instruções dadas pelo Governo para a redução artificial dos tempos de espera para cirurgias.
“Prometeu um plano para salvar o SNS e pôs em prática um plano para salvar a ministra da Saúde”, acusou a coordenadora bloquista, referindo-se em seguida à substituição de dirigentes hospitalares por figuras próximas do PSD nas novas administrações e desafiando Montenegro a acompanhar a proposta do Bloco para que essas administrações passem a ser escolhidas por concurso.
Na resposta, Montenegro afirmou desconhecer tais orientações, pois ”as instruções que demos foi para agendar o mais rápido possível e executar”, acrescentando que “estamos a apresentar planos e a executá-los”, pelo que “está tudo a funcionar de acordo com o que é previsível”. Sobre os concursos para as administrações hospitalares, defendeu que para si essa “não é a solução”, pois entende que elas “devem estar vinculadas às políticas do Governo”.