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Manifestantes em Lisboa exigiram demissão de Michel Temer

Protesto internacional contra a suspensão de funções à Presidente brasileira Dilma Rousseff juntou este domingo em Lisboa dezenas de pessoas, com apelos “pela democracia” e a denúncia do “golpe de Estado” que colocou no poder Michel Temer.
Foto de Mídia Ninja.

A partir das 19:00, a praça do Rossio, em Lisboa, começou a animar-se com a progressiva concentração de ativistas, alguns transeuntes e poucos turistas. Uns transportavam bandeiras do Brasil, de Portugal, outros escreviam no chão com canetas de feltro ou tintas palavras de ordem em cartazes de várias cores, desafiando um vento persistente.

“Pela democracia”, “Fora Temer”, numa referência ao antigo-vice-Presidente e atual Presidente interino Michel Temer, “Volta Querida”, numa alusão à ex-chefe de Estado, suspensa do cargo em 12 de maio passado.

As cerca de 60 pessoas presentes acabaram por se juntar num pequeno cordão humano e enquadradas por uma grande faixa com a frase “Golpe nunca mais. Fora Temer”, enquanto se iniciavam os discursos de diversos representantes do Coletivo Andorinha - Frente Democrática Brasileira de Lisboa, e de outras associações congéneres.

“Já foi comprovado que nada há juridicamente contra a Presidente do Brasil Dilma Roussef e mesmo assim foi perpetrado um golpe. É um problema que queremos resolvido e queremos o respeito pelo voto. A eleição foi feita, mas a vontade do povo não está a ser respeitada”, disse à Lusa Newton de Souza, 51 anos, membro do Coletivo Andorinha e há um ano e meio em Portugal.

Na praça do Rossio prosseguiu a concentração, com intervenções de cidadãos brasileiros vindos de diversas zonas do país, incluindo Coimbra e Porto. Por vezes, soam palavras de ordem: “Golpistas, fascistas, não passarão”. “Em Portugal e no Brasil, sempre em defesa dos valores de Abril”.

Newton de Souza denunciou com convicção a “maioria das pessoas que hoje estão no Congresso e no Governo” e envolvidos em casos de “corrupção comprovada”, o “desmantelamento da economia e principalmente das riquezas naturais”, que exemplificou com a recente privatização de uma parcela do Pré-Sal, uma importante jazida de petróleo.

O ativista denunciu ainda a “parcialidade muito grande da justiça” em todo este processo, recordou que muitos partidos, para além do Partido dos Trabalhadores (PT, de Dilma e Lula da Silva), “estão envolvidos em casos de corrupção que não são nem noticiados e muito menos indiciados” e contestou a decisão do tribunal de Brasília que na sexta-feira decidiu constituir arguido o ex-Presidente Lula.

“É um estado de infabilidade jurídica que amanhã pode atingir todos nós. Aparentemente há um crescente movimento de perseguição que é algo que parece a ascensão de uma direita, não é apenas um problema do Brasil, mas que está a acontecer pelo mundo”, salienta.

“Convocamos a sociedade portuguesa, europeia, para prestar atenção ao que está a acontecer. Não tenho a certeza do que vou encontrar no meu país quando voltar”.

No meio da praça, prosseguiram pela noite os discursos, que também não poupam os “media corporativos”, também considerados cúmplices do “golpe de Estado”.

Uma ativista distribuiu panfletos com uma lista alternativa de 63 ‘blogues’, sítios e contas em redes socias.

“Espero que Dilma volte, cumpra o seu mandato e convoque um plebiscito para uma reforma política, que é algo fundamental no Brasil. Hoje é claro e evidente que o sistema eleitoral está comprometido. E queremos que os direitos sociais sejam respeitados. Não se pode abrir mão”, assinalou Newton da Silva, enquanto prosseguia o protesto coletivo.

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