As associações SOS Racismo e Renovar a Mouraria convocaram uma ação de protesto para quinta-feira às 18h no Largo Jean Monnet (nas traseiras do Cinema São Jorge, à Av. Liberdade, em Lisboa) para "exigir uma mudança radical das politicas da Europa fortaleza de fecho de fronteiras, confinamento e criminalização dos migrantes e refugiados".
"O Mediterrâneo transformou-se na maior vala comum do planeta", sublinham as associações, que acusam a política de gestão das fronteiras da UE de "ignorar e violar o direito de asilo, as liberdades e garantias, nomeadamente, a liberdade de circulação e de instalação".
À hipocrisia dos dirigentes europeus, que culpam as mafias e os traficantes sem escrúpulos sempre que ocorre uma tragédia como as desta semana, as associações respondem com perguntas: "porque e como surgiram as máfias e os traficantes? Se houvesse vias regulares, seguras e dignas de entrada na Europa, escolheriam os imigrantes arriscar as suas vidas recorrendo a estas redes?".
"A União Europeia empenha-se em construir muros, arames farpados, comprar navios e dispositivos militares, investindo centenas de milhões de euros em sistemas de repressão contra migrantes desarmados, com a sinistra ilusão de que vai construir uma barreira intransponível contra os migrantes e os refugiados. Ou seja, contra quem arrisca a vida em busca de melhores condições de vida!", lamentam os organizadores da concentração "STOP ao genocídio no Mediterrâneo".
Quanto ao programa europeu Triton, que substituiu o Mare Nostrum, as associações dizem que ele "dispõe de menos meios e está claramente vocacionado para uma vigilância passiva a montante e, obviamente, é cúmplice dos mafiosos por omissão e desresponsabilização". Os organizadores exigem ainda o fim do Frontex e de todos os mecanismos de repressão contra os migrantes, mudanças nas políticas de concessão de visto nos países de origem, a revogação do Regulamento de Dublim III, "contrário ao espírito de solidariedade e do direito de asilo", e a liberdade de circulação das pessoas, "porque enquanto assim não for, as mortes continuarão e serão da responsabilidades das políticas que impedem a sua concretização".
Bloco defende soluções imediatas para impedir mais mortes no Mediterrâneo
A deputada bloquista Helena Pinto defendeu esta quarta-feira no parlamento que "o genocídio que tem lugar nas águas do Mediterrâneo tem de ter um fim", apelando a que a Europa adote "soluções imediatas que coloquem a vida e a dignidade humana em primeiro lugar".
"A nenhum ser humano pode ser negada ajuda. A Europa não pode ser uma fortaleza que lamenta as mortes no mar e que fecha as portas a quem cá quer entrar", defendeu Helena Pinto, após elencar a guerra, a violência, a fome nos países de origem como as principais causas do aumento da vaga de refugiados a chegar ao sul da Europa.
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