Está aqui

Mais de 500 atores e atrizes repudiam atrasos nos apoios às artes

“A situação de subcontratação em que quase todos nós nos encontramos é insustentável”, dizem as atrizes e atores que subscrevem o comunicado sobre o atual estado de precariedade nas artes.
Isabel Abreu, Beatriz Batarda e Albano Jerónimo, três dos subscritores do comunicado contra a sua própria precariedade. Foto de Margarida Dias, publicada no blogue no soup for you.

Albano Jerónimo, António Durães, Beatriz Batarda, Carla Galvão, Carla Maciel, Cristina Carvalhal, Inês Castelo Branco, Isabel Abreu, Jani Zhao, Joana de Verona, José Raposo, Manuel Wiborg, Margarida Vila Nova, Maria João Abreu, Rita Cabaço, Sandra Faleiro, Sara Barros Leitão, Sara Carinhas e Vera Wiborg somam-se a mais de 500 nomes reunidos em apenas 24 horas em torno de um comunicado que crítica veemente o atual estado de precariedade nas artes.

“Mas este é um comunicado em massa”, refere ao Esquerda.net Inês Pereira, a atriz que lançou o comunicado e começou a partilhá-lo com colegas ontem, 18 de março, às 17h horas. Passado um dia, publicou-o no facebook já com centenas de assinaturas. “A adesão é impressionante”, confessa, e refere ainda que 99% dos subscritores são atrizes e atores e que apenas alguns nomes são de outros profissionais do setor.

No documento podem ler-se duras palavras de reprovação do processo de reformulação do modelo de apoio às artes: “Aguardámos com esperança esta nova Secretaria de Estado da Cultura. Aguardámos, na nossa precariedade, que o ano de 2017 servisse para uma remodelação efetiva dos apoios às artes. Continuámos em 2017 a mesma situação de miséria que se instalou no quadriénio anterior. E nada sabemos sobre 2018, 2019, a não ser que não temos vencimentos 'por agora'.”

Sem precedentes, este é um manifesto de atrizes e atores contra a sua própria precariedade. Encontrando-se, por isso, referências às suas condições laborais “cada vez mais precárias: sem contrato de trabalho, a recibo verde (...) vencimentos em atraso”.

“Continuamos dependentes de concursos que atrofiam estruturas e que impedem a contratação de profissionais e o assegurar de remunerações dignas pelo trabalho dos seus artistas", escrevem.

Inês Pereira afirma que “a razia este ano é de uma brutalidade fora do vulgar”. O comunicado assinala que, “passados três meses do início deste ano, e tendo as candidaturas aos apoios da DGArtes terminado no dia 6 de Dezembro de 2017, continuamos sem conhecer os resultados da avaliação do júri.”

Estas vozes juntam-se assim em descontentamento com o defraudar das expectativas criadas pelo Governo para o setor artístico.

Termos relacionados Sociedade
(...)