Mais de 2000 refugiados bloqueados em terra de ninguém

22 de setembro 2015 - 12:19

À frente têm a polícia croata, atrás a sérvia. Não podem avançar nem recuar. Os jornalistas não podem passar para falar com eles. “Há mulheres e crianças a chorar de medo e de confusão”, relata um médico britânico ouvido pelo Guardian. Isto não é ficção. Está a acontecer agora, no posto de fronteira entre Tovarnik (Croácia) e Šid (Sérvia).

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Refugiados no posto de fronteira de Optavac. Twitfoto de Vlada RH
Refugiados no posto de fronteira de Optavac. Twitfoto de Vlada RH

De acordo com o correspondente do The Guardian Patrick Kingsley, esta situação foi criada devido à decisão da Croácia de fechar a fronteira com a Sérvia. Esta fronteira tinha-se tornado nos últimos dias o principal ponto de entrada dos refugiados que procuram a Europa e tentam chegar aos países mais prósperos do Norte.

Depois de a Hungria ter fechado a sua fronteira com a Sérvia, os refugiados desviaram-se para oeste procurando atravessar a Croácia, e durante alguns dias as autoridades croatas mantiveram aberto este único posto de fronteira e deixaram passar dezenas de milhares de refugiados.

Com a dificuldade de gerir o enorme afluxo de pessoas, a polícia foi permitindo que os refugiados esperassem na estação de comboios na fronteira. Mas quando este espaço ficou cheio, a fronteira foi fechada e os refugiados estão agora na chamada “terra de ninguém” entre as duas fronteiras.

Situação terrível”

Ahmed Twaij, médico britânico que foi para este posto de fronteira para ajudar, diz que os refugiados estão neste momento bloqueados entre duas linhas de polícia de fronteira, e os jornalistas estão a ser impedidos de passar para falar com eles. “Na retaguarda, está a polícia sérvia, e na frente a polícia croata,” disse, por telefone ao Guardian. “A situação aqui é terrível. Há mulheres e crianças a chorar de medo e de confusão”.

Os ministros do Interior da União Europeia estão a chegar esta terça-feira a Bruxelas para voltar a discutir a questão dos refugiados. O governo da extrema-direita húngara multiplica as declarações xenófobas sem ouvir críticas.

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