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"Maioria absoluta reorientou PS para a direita"
"Quando o primeiro-ministro diz que prevê uma inflação de 7,4% mas que os aumentos salariais nunca passarão o teto de 2%, está a dizer que, de facto, de 2022 para 2023 haverá uma perda de mais de meio salário no poder de compra dos trabalhadores da administração pública," afirmou esta terça-feira à TSF o líder parlamentar do Bloco de Esquerda.
Recordando que os aumentos na Função Pública servem de referência para os salários do setor privado, Pedro Filipe Soares afirma ser "absolutamente incompreensível" que o executivo não proteja os rendimentos das famílias num momento em que estão a ser consumidos pela inflação. "Não há nem razão económica, nem razão política e, muito menos, razão social para fazer esta escolha", afirmou.
O prometido ataque aos salários e às pensões é uma prova de que "o que está a nortear esta maioria absoluta é uma reorientação do Partido Socialista para um espaço mais à direita do que estava anteriormente", prosseguiu Pedro Filipe Soares.
"O diálogo que o Governo pretende é com o Partido Social Democrata e, ainda ontem, isso ficou visível nas declarações do primeiro-ministro quando refere o aeroporto de Lisboa e diz que é com o Partido Social Democrata que vai dialogar, ou quando abre o dossier de discussão sobre formas de cortar nos direitos futuros de pensionistas com a revisão de toda a lei de bases da segurança social, que é um sonho da direita", exemplificou o líder da bancada do Bloco na Assembleia da República.
Por outro lado, as medidas anunciadas pelo Governo para responder à subida da inflação não passam afinal de "um pacotinho de trazer no bolso", enquanto em medidas emblemáticas como a tributação de lucros excessivos o executivo do PS continua a ser "sempre o último a agir na Europa" e a fazer "em pequenino, o que os outros fazem de forma mais forte e mais capaz."
Quanto às promessas iniciais de diálogo com a esquerda por parte do PS, Pedro Filipe Soares lembrou que "outras maiorias absolutas anteriores foram iniciadas com promessas de diálogo mas depois são transformadas em rolos compressores da vontade maioritária e esses rolos compressores são tão mais fortes, quanto mais falta a razão à governação."
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