“Há oito anos, o PS prometeu em campanha que, no 25 de abril de 2024, a crise da habitação estaria resolvida em Portugal. Ela não parou de piorar”, afirmou Mariana Mortágua durante um almoço-comício da campanha para as eleições regionais da Madeira, agendadas para dia 24 de setembro.
A coordenadora do Bloco frisou que “o Governo [da República] hoje nem é capaz de travar a crise, quanto mais conseguir revertê-la”.
Mariana Mortágua repudiou também o “sadismo contra as pessoas” do Banco Central Europeu, que continua a aumentar os juros para “fazer crescer os lucros da banca”, assinalando ainda que a Caixa Geral de Depósitos e o Novo Banco “enriquecem à custa dos juros”.
“E não há um Governo que faça alguma coisa. Não há um Governo que trave esta loucura, esta ganância dos lucros”, enfatizou a coordenadora do Bloco. Mariana Mortágua defendeu serem precisas “medidas para controlar isto” e “coragem para ir contra a ganância sem fim da banca”.
“A crise é grave porque o Governo não é capaz de dar uma resposta”, enfatizou.
Conforme referiu, o executivo liderado por António Costa “aceitou que a habitação passe a ser um ativo financeiro": "Serve para investir, para especular, fazer lucro fácil, mas não serve para morar, para dar segurança às pessoas”.
Segundo a dirigente do Bloco, “na Madeira, o PSD seguiu este mesmo caminho do Governo da República, mas faz pior”, na medida em que “está tão comprometido com o negócio da crise imobiliária que defende os vistos ‘gold’ da corrupção, da lavagem de dinheiro, que esconde o dinheiro sujo dos oligarcas russos”.
“Miguel Albuquerque não é um presidente para os madeirenses. Miguel Albuquerque é o promotor imobiliário para estrangeiros ricos”, disse Mariana Mortágua, lembrando que existe construção na região, mas que esta se destina ao negócio imobiliário.
A coordenadora bloquista considera que “a crise da habitação é um projeto da maioria absoluta, para quem a economia é o turismo, é a especulação, é a finança e são os residentes não habituais".
"São os nómadas digitais que o Governo atrai com vistos especiais, enquanto tantos imigrantes precisam de um lugar para viver”, realçou, lembrando os “fundos de investimento que compram quarteirões, casas, prédios e expulsam quem lá vive”.
Neste contexto, o Bloco defende tetos para as rendas, limites ao alojamento local e redução das taxas de juro. "Que sejam pagas pelos bancos, porque foram os contribuintes que salvaram os bancos quando eles precisaram”, defendeu Mariana Mortágua.
Para a dirigente bloquista, os candidatos do Bloco “são a herança de uma geração de gente firme e íntegra que nunca se vergou” e tem “um passado de luta na Madeira”, nomeadamente contra os interesses instalados dos grupos económicos, tendo apontado como exemplo "o Grupo Sousa".
De acordo com Mariana Mortágua, com os eleitos do partido no Parlamento da Madeira, “Miguel Albuquerque vai ter uma oposição à altura do desrespeito com que trata” os madeirenses.
“Falta vontade política e vergonha na cara para uma região mais justa”
O cabeça de lista do Bloco às regionais na Madeira, Roberto Almada, acusou PSD e CDS-PP de utilizarem meios públicos na campanha, considerando que desapareceu "o verniz" usado para tentar apagar o passado jardinista.
"É uma vergonha e o Bloco não se cansa de denunciar que os meios do Governo Regional e da região não são da coligação PSD/CDS", frisou.
Roberto Almada afirmou que o cabeça de lista da coligação PSD/CDS - Somos Madeira, o social-democrata Miguel Albuquerque tem promovido em inaugurações de "estrada e supermercado".
"Miguel Albuquerque é o novo jardinismo", apontou o candidato bloquista.
São "negócios para alguns, miséria para muitos e carnaval e circo na campanha à custa dos madeirenses", avançou o cabeça de lista do Bloco.
Roberto Almada alertou, no entanto, que "a questão é muito maior: é o modelo da economia".
O candidato deu o exemplo das "obras faraónicas, betão até ao mar e irresponsabilidade ambiental", quando há "falta de habitação" para os madeirenses.
"Não faltam meios para uma região mais justa. Falta é vontade política e vergonha na cara", vincou.
Roberto Almada também criticou a política fiscal do executivo madeirense, que se recusa a "usar o diferencial para baixar o IVA ou o IRS", ainda que se tenha servido desta medida para reduzir os impostos sobre os lucros das grandes empresas.
O candidato questionou a quem serve o crescimento económico propalado pelo Governo regional, quando se mantêm pensões de miséria e os jovens são obrigados a emigrar face à “política de baixos salários" seguida pelo PSD.
Roberto Almada lembrou que a Madeira conta não só com os “milhões do turismo", mas também recebe "milhões dos fundos europeus". Mas esse dinheiro acaba por ser afeto a "empreitadas para amigos e apoios para os que já têm tudo", criticou o dirigente do Bloco.
Segundo Roberto Almada, assiste-se a "um assalto ao povo da Madeira, condenado ao atraso e à pobreza"”, com o PSD a desbaratar “os fundos que deveriam criar coesão social, que podiam qualificar a economia, proteger o ambiente".
O cabeça de lista sublinhou ser "preciso parar este assalto e trazer exigência" e enfatizou que "o Bloco faz falta no Parlamento [da Madeira]", porque é "a oposição insubmissa" e os seus militantes são "herdeiros da resistência antifascista, da luta dos trabalhadores, da coragem das bordadeiras", tendo enfrentado "o fascismo e o jardinismo".
"Já tentaram de tudo. Perseguiram-nos. Intimidaram-nos. Nunca nos calaram", rematou.
“Na Madeira não há coragem para enfrentar lóbis”
Dina Letra questionou qual é o futuro que os madeirenses podem esperar de um Governo regional que obriga quem quer trabalhar, ter casa e futuro a imigrar.
Um executivo, liderado por Miguel Albuquerque, que oferece uma “economia pujante para o bolso de alguns e trabalhos precários e mal pagos" para o resto da população.
Na Madeira, o futuro não é, de acordo com a candidata, afortunado, “exceto se tiveres nascido na família certa, na redoma de ouro do privilégio ou dos usuários do cartão laranja”.
Dina Letra frisou que na região “não há coragem para enfrentar lóbis da construção, imobiliário, da hotelaria e dos transportes” e que os “patos bravos do regime comem tudo e não deixam nada”.
A dirigente bloquista falou nos vários “fiascos da governação PSD Madeira”, que desbarata os fundos europeus e encarna a "irresponsabilidade de quem nunca levou a sério as questões ambientais".