O Bloco de Esquerda Madeira apresentou o seu programa eleitoral às eleições à Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira de 24 de setembro, numa sessão pública, no Funchal, que contou com a presença do economista e fundador do Bloco de Esquerda Francisco Louçã, o mandatário e ambientalista Hélder Spínola e os candidatos Dina Letra e Roberto Almada.
Na sua intervenção, Louçã afirmou que “o que se passa na Madeira é o caso mais consolidado de uma realidade que assombra Portugal inteiro, que é um casta forte, gananciosa, gulosa, que se instalou no poder político e no poder económico, que manda, que quer mandar em tudo, que quer controlar tudo".
"Mudarão alguns nomes, mas há 47 anos que existem três tipos de partidos na Madeira: o partido da casta, os partidos que querem chegar à casta e aqueles que querem combater a casta", enumerou, citado pela Lusa, afirmando que o Bloco se integra neste último grupo. Louçã disse que a "casta" regional se formou com base em "favorecimento, opacidade, abuso e gula" e apontou como exemplos a Zona Franca da Madeira e o preço da habitação.
No caso da Zona Franca, o economista disse que desapareceram cerca de 1.000 milhões de euros através de benefícios fiscais concedidos a empresas que não criaram emprego, o que considerou ser uma "fraude", ao passo que ao nível da habitação a Madeira está entre as regiões mais caras do país, apesar de ser também a que apresenta a taxa de risco de pobreza mais elevada - 26% -, afetando cerca de 60 mil pessoas.
"O poder da casta é o poder de subir [os preços], é o poder de tirar, é o poder de impor", declarou, assegurando que o Bloco de Esquerda não desistiu da luta.
"Eu gosto desta esquerda, que é brava, que é combativa, que é valente, que pode levar palavras valentes à Assembleia Regional, mas sobretudo porque pode atingir o que tem de ser atingido - um poder que está a estrangular a Madeira há 47 anos", reforçou.