Livre admite vir a “dialogar” com AD e IL

29 de fevereiro 2024 - 18:36

Para Rui Tavares, “é possível fazer muita coisa em conjunto para melhorar a democracia”. Questionado sobre o pós-eleições, defendeu que “a direita democrática tem de ter com quem dialogar" se recusar o apoio do Chega.

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Luís Montenegro e Rui Tavares
Luís Montenegro e Rui Tavares antes do debate televisivo. Foto PSD/Flickr

O argumento de Tavares já tinha sido usado pelo PAN para viabilizar um governo da direita na Madeira. Esta quinta-feira, foi a vez do líder do Livre assumir uma posição "um bocadinho diferente do resto da esquerda".

Para Rui Tavares, “a direita democrática tem de ter com quem dialogar" caso clarifique “que não conta com a extrema-direita para nada”. E acrescentou que “é possível fazer muita coisa em conjunto que é necessária para melhorar a nossa democracia”, cita a Lusa.

Como exemplo de propostas convergentes, apontou a da alteração da lei eleitoral para criação de um círculo de compensação nacional. Sobre este tema, "nós já votamos iniciativas da IL e eles também apoiam as que o Livre teve, portanto há caminho a fazer. Não é em tudo, não temos a mesma visão sobre o SNS. A direita propõe coisas para o SNS que não é o que a maior parte das pessoas quer, porque têm medo de perder o que lhes tem servido, mas há questões democráticas nas quais podemos dialogar”.

Esta abertura ao diálogo com a AD e a IL é uma novidade no discurso do Livre. No início do mês, Rui Tavares tinha afirmado à CMTV que "se houver uma maioria à esquerda, somos parte da solução, mas se houver maioria à direita, aí seremos parte da oposição".

Rui Tavares veio ao final da tarde esclarecer as declarações feitas horas antes, afirmando que "o Livre, se houver uma maioria à esquerda, é parte da solução, se houver uma maioria à direita, é parte da oposição”. E sublinhou que o seu partido conserva “uma distância enorme em relação à direita” no que diz respeito a “matérias centrais à governação”, mas defende que a esquerda deve ter "um diálogo com o centro e com a direita democrática em questões que têm a ver com a ‘saúde’ da nossa democracia”, como o combate à corrupção, o sistema eleitoral ou uma reforma da justiça.

Com este esclarecimento, Tavares concluiu que "não deve haver nenhum mal-entendido acerca da posição do Livre e, acima de tudo, não deve haver nenhuma interpretação de que essa posição tenha mudado”.

Mariana Mortágua: “Este é o momento de lutar, não é o momento de confundir”

No jantar/comício do Bloco de Esquerda em Leiria, Mariana Mortágua comentou as declarações do líder do Livre ao longo do dia. “Disse o Rui Tavares (e cito) que a direita tem de ter com quem dialogar e que é possível fazer muita coisa em conjunto, com a IL e com o PSD, que é necessário para melhorar a nossa democracia. Poucas horas depois ouvi Rui Tavares também a dizer que estará sempre na oposição com a direita e não a negociar uma governação com a direita”, referiu.

"Penso que devemos estar totalmente concentrados em derrotar a aliança PSD/IL e não em projetos de diálogos com esta aliança PSD/IL”, prosseguiu a coordenadora do Bloco, concluindo que “o problema desta campanha sobre cenários é que ela empobrece o debate e esconde o debate sobre alternativas, sobre propostas, sobre confronto de ideias, sobre diferentes ideias que cada partido tem para o país. O Bloco não pode ser mais claro: temos oito dias para garantir a vitória e ela vai fazer-se de clareza, de proposta, de compromisso”.


Notícia atualizada às 22h40 com o esclarecimento de Rui Tavares e as declarações de Mariana Mortágua

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