Depois do Tribunal de Sintra ter recusado homologar o plano de recuperação, a Lisgráfica anunciou a falência deixando uma dívida de cerca de 78,7 milhões de euros e 110 pessoas sem trabalho.
A empresa imprimia jornais e revistas entre os quais o Expresso, a Visão, a Sábado, a TV 7 Dias, a TV Guia, a TV Mais, o Avante e o Fugas.
Ao Jornal de Negócios, Nuno Nascimento Lemos, o administrador de insolvência, explicou que a atividade da Lisgráfica tinha sido suspensa depois de cortada a eletricidade “não havendo liquidez na tesouraria para pagar as faturas em dívida”. Isto, juntamente com a decisão judicial de não homologação do plano de recuperação “levou, naturalmente, à preocupação dos clientes que retiraram os títulos de produção”.
Alguns dos trabalhadores ficaram com dois e três meses de salários por receber. O plano de recuperação da empresa que tinha sido aprovado em junho por 62,3% dos credores previa o pagamento integral do que era devido aos trabalhadores, ao fisco e à Segurança Social em 120 prestações mensais. Isto para além do perdão de 95% dos créditos comuns e de 100% dos créditos subordinados com a empresa a ficar com um passivo inferior a dez milhões de euros.
As dificuldades da empresa já se arrastavam segundo o seu relatório e contas do primeiro semestre do ano passado que dava conta de prejuízos nesse período e no ano anterior. Então, a administração da empresa argumentava que "a guerra na Ucrânia continuou a desestabilizar os mercados mundiais e algumas cadeias de distribuição com um efeito no aumento dos preços da energia e de muitas matérias-primas essenciais à atividade da empresa".
Para além disso, indicava uma crise generalizada no setor da indústria gráfica que passaria por "uma queda provocada pela redução de tiragens das publicações periódicas e pela redução de investimento publicitário em papel por parte das grandes cadeias de distribuição." Tendo o preço do papel aumentado em 2022, isso terá resultado numa "redução significativa da impressão de folhetos em 2023".