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Kansas vota a favor da proteção do aborto

Esta terça-feira, cerca de 60% dos eleitores deste Estado norte-americano votaram no sentido da rejeição de uma emenda à Constituição local que permitiria a restrição, ou mesmo a proibição, do direito ao aborto. Foi o primeiro teste eleitoral desde a revogação de "Roe v. Wade” em junho.
Foto de Charles Edward Miller, cemillerphotography.com, Licença cc-by-sa-20.

A três meses das eleições intercalares, esta é a primeira derrota, e expressiva, nas urnas do campo antiaborto desde a decisão em junho do Supremo Tribunal Federal, com maioria conservadora, de revogar a decisão “Roe v. Wade” que se traduziu, há quase cinquenta anos, no reconhecimento do acesso ao aborto como um direito constitucional. Com 95% dos votos apurados, 59% dos votantes rejeitaram a proposta, em comparação com os 39% que votaram a favor.

O referendo foi observado de perto como um barómetro do repúdio dos eleitores liberais e moderados face à decisão do Supremo Tribunal Federal de eliminar o direito nacional ao aborto. Embora tenha uma governadora democrata, Laura Kelly, o Kansas tem uma grande tradição republicana e este partido tem suplantado os democratas nas eleições para o Senado e a Câmara dos Representantes. Em 2020, Donald Trump venceu Joe Biden neste Estado com uma vantagem de 15 pontos percentuais. O Kansas foi ainda palco de graves atentados contra clínicas de aborto.

“Uma promessa de resistência crescente"

“O Kansas rejeitou sem rodeios as tentativas dos políticos antiaborto de criar um estado policial reprodutivo”, disse Kimberly Inez McGuire, diretora executiva da Unite for Reproductive & Gender Equity, citada pela Associated Press.

"A votação de hoje foi uma repreensão poderosa e uma promessa de resistência crescente", frisou.

Em comunicado, Mini Timmaraju, presidente da organização norte-americana NARAL, assinalou que, “numa altura em que a liberdade reprodutiva está sob uma ameaça sem precedentes em todo o país, os habitantes do Kansas foram às urnas e disseram com clareza: ‘Para nós, chega'”. “No coração dos Estados Unidos, a protecção do acesso ao aborto galvanizou os eleitores como nunca”, continuou.

No Twitter, o presidente dos EUA, Joe Biden, saudou “uma importante vitória para o Kansas, mas também para todos os americanos que acreditam que as mulheres devem poder tomar as suas próprias decisões de saúde sem interferência do governo”. Depois de pedir ao Congresso que “restaure as proteções de Roe” na lei federal, Biden acrescentou: “E o povo americano deve continuar a usar a sua voz para proteger o direito à saúde das mulheres, incluindo o aborto”.

Embora sujeita a normas apertadas, a interrupção voluntária da gravidez no Kansas é legal até à 22ª semana, o que torna este Estado num refúgio no coração de uma região marcadamente conservadora.

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