"Jornal de Angola" defende Machete contra Ministério Público

06 de outubro 2013 - 12:55

O jornal oficioso do regime angolano publica este domingo um artigo a defender o ministro português por ter pedido desculpas "pelas patifarias cometidas pelo Ministério Público". O Diário de Notícias revela que alguns dos investigados são defendidos pelo escritório de advogados onde Machete esteve até julho.

PARTILHAR
Georges Chicoti e Rui Machete lideram as diplomacias de Angola e Portugal. Foto Tiago Petinga/Lusa

Rui Machete foi consultor da sociedade de advogados PLMJ desde 2002 até substituir Paulo Portas na última remodelação, acumulando essa consultadoria com outros cargos em várias instituições, como a SLN ou a FLAD. Segundo o Diário de Notícias, várias das figuras da elite angolana que estão sob investigação da justiça portuguesa contrataram os serviços da PLMJ para se defenderem das possíveis acusações do Ministério Público. O facto de Machete ter contado na entrevista à Rádio Nacional de Angola vários pormenores de uma investigação que está em segredo de justiça, sem que tenha sido informado pela PGR, como sublinhou a procuradora-geral Joana Marques Vidal, acrescenta mais dúvidas sobre a origem dessa informação, tendo em conta que à data do único comunicado do DCIAP sobre o processo, Machete pertencia aos quadros da PLMJ.

Mas se em Portugal o ministro se encontra sob uma chuva de críticas, com Passos Coelho a tentar minimizar as suas "expressões infelizes" na entrevista, o Jornal de Angola já saiu em defesa de Machete, com o alvo bem fixado no Ministério Público e na comunicação social portuguesa. O artigo de opinião do jornalista Artur Queiroz - que assina com o pseudónimo de Álvaro Domingos - intitula-se "Criminosos portugueses contra as suas próprias vítimas". Neste caso, os criminosos são a justiça, os jornalistas e as "elites portuguesas famintas de dinheiro", enquanto as vítimas são o vice-presidente angolano Manuel Vicente e o procurador-geral da República João Maria de Sousa, ambos alegadamente sob investigação relacionada com transferências de capitais. 

O colunista do Jornal de Angola acusa o Ministério Público português de ter permitido fugas de informação que ofenderam a honra e o bom nome das duas figuras do regime de José Eduardo dos Santos e conclui que "o Ministério Público e a Procuradora-Geral da República Joana Vidal puseram-se fora da lei".

"Rui Machete, como jurista que é, pediu diplomaticamente desculpa (não desculpas diplomáticas) pelas patifarias cometidas pelo Ministério Público e órgãos de comunicação social contra o Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, e o Procurador-Geral da República, João Maria de Sousa. Os mais assanhados membros das elites corruptas e caloteiras portuguesas trucidaram o ministro e por tabela lançaram a habitual chuva de calúnias contra os dirigentes angolanos, eleitos democraticamente", remata o artigo publicado no Jornal de Angola.