Jerónimo Martins: patrão ganha 90 vezes mais do que a média dos trabalhadores

28 de maio 2016 - 17:00

Estudo avaliou o fosso salarial entre os gestores e trabalhadores das mesmas empresas em 2015.

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Um estudo da revista Proteste/Investe investigou a diferença salarial entre os gestores (CEOs) e a média salarial dos trabalhadores das mesmas empresas. O trabalho revelou que o fosso tem crescido ao longo dos últimos anos, passando de 21,3 em 2014 para 23,5 em 2015. Ou seja, os gestores ganharam em 2015 14.2% mais do que em 2014, mas os trabalhadores tiveram um aumento médio de apenas 3.6%. Este dado demonstra a falácia no discurso utilizado pela direita de que a crise atingiu toda a gente de igual maneira como justificativa dos sacrifícios de quem menos tem.

Além disso, a investigação prova que em algumas empresas a diferença slarial é chocante. Há dez empresas em que os gestores ganham, pelo menos, 30 vezes mais que os trabalhadores (Jerónimo Martins, Galp, Sonae, Semapa, Ibersol, CTT, EDP, Mota-Engil, Portucel, agora Navigator, e NOS). Em primeiro lugar do ranking está a Jerónimo Martins. Os trabalhadores do grupo receberam, em média, 90.3 vezes menos que Pedro Manuel Soares dos Santos, que no ano passado ganhou 865 mil euros. Em segundo lugar está Carlos Gomes da Silva, presidente da Galp, que recebeu 72 vezes mais do que o salário médio dos trabalhadores da petrolífera. Já Paulo Azevedo, filho de Belmiro de Azevedo e patrão da Sonae, recebeu 69,1 vezes mais.

Em várias destas empresas a disparidade entre quem manda e os trabalhadores aumentou extraordinariamente de 2014 para 2015: na Galp passou de 44 vezes para 72 vezes mais em 2015, o CEO dos CTT recebia 21.8 vezes mais do que a média dos trabalhadores e com a privatização da empresa passou a ganhar 45.3 vezes mais e, como último exemplo, na Jerónimo Martins houve um aumento de 72,7 vezes para 90,3 vezes mais.