Memória

Jabra Nicola, a memória do comunista palestiniano esquecido não nos deixa cair nas trevas

01 de junho 2025 - 12:44

Figura pouco conhecida da esquerda palestiniana, o itinerário de Nicola (1912-1974) é uma herança de igualdade e justiça.

por

Joseph Andras

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Jabra Nicola
Jabra Nicola

Que os tempos são sombrios e que uma luz tarda despontar para nós, é coisa certa. Para onde quer que olhemos na Palestina, há sangue. Mortos. Escombros. E tudo isto, o sangue, os mortos e os escombros em nome do império da força. Algures num livro, Arendt escreveu que “mesmo nos tempos mais sombrios, [temos] o direito de esperar alguma iluminação, e que essa iluminação [pode] muito bem vir […] da luz incerta, vacilante e muitas vezes fraca que homens e mulheres, nas suas vidas e no seu trabalho, fazem brilhar”. Para nós, Jabra Nicola, também conhecido por Abu Sa'id, é um deles.

Falar de uma pessoa é sempre falar do mundo: em cada indivíduo, a Terra está dobrada. Assim, para falar de Jabra Nicola, é preciso primeiro imaginar Haifa. E fazê-lo no ano de 1912. É uma pequena cidade portuária dotada, desde há pouco tempo, de uma ligação ferroviária à Síria. Portanto, estava em plena expansão. Napoleão tinha no seu tempo arrasado as suas fortificações e, nesse ano, foram colocadas as primeiras pedras de uma universidade, com o apoio de judeus da Europa e dos Estados Unidos e com o apoio da potência otomana ocupante – seria o Technion, o futuro viveiro mundial de Prémios Nobel. O relatório do recenseamento de 1922, ou seja uma década mais tarde, registava 24.634 habitantes. Entre os quais, de acordo com as denominações utilizadas na altura: 9.377 maometanos, 8.863 cristãos, 6.230 judeus, 152 baha'is e 12 drusos. Jabra Nicola nasceu nesta cidade numa sexta-feira.

Nasceu numa família cristã. Árabe cristã. Mas da sua infância nada sabemos; nem da sua adolescência.

Um comunismo na Palestina

O primeiro elemento biográfico de que dispomos é a sua entrada no Partido Comunista Palestiniano, o PCP, “no início dos anos 30”. Jabra Nicola tinha cerca de 20 anos e a organização não era muito antiga. Nascido em 1923 da fusão de dois partidos, os seus objetivos incluíam a luta contra o imperialismo britânico – que tinha recentemente passado a governar a Palestina após o colapso do Império Otomano – e o sionismo – na sua qualidade de movimento burguês de origem europeia. Originalmente judeu na sua composição, o partido pretendia ligar-se ao proletariado árabe e, consequentemente, afirmar-se como a voz justa árabe-judaica dos trabalhadores de um país a emancipar. Por outras palavras, tornar-se independente.

O PCP aderiu à Terceira Internacional em 1924. Foi também o ano da morte de um Lenine paralisado que queria afastar Estaline da direção. Em Itália, o fascismo cimentava o seu reino de assassinos. Na Alemanha, o partido nazi de Adolf Hitler obteve 1,1% dos votos nas eleições presidenciais de 1925. Na União Soviética, a oposição de esquerda, liderada por Trotsky, estava à beira de ser esmagada: “a vitória pessoal de Estaline”. A revolução mundial tão desejada redundava num fracasso; graças à vontade do georgiano, o pretenso “socialismo” estava a ser reduzido à escala de um único país. O Partido Comunista Palestiniano mantinha, logicamente, laços estreitos com Moscovo – um dos seus fundadores, Joseph Berger, natural de Cracóvia, encontrou-se com Estaline em março de 1929. Foi neste contexto nacional e internacional que o jovem Jabra Nicola “depressa se tornou num membro dirigente do partido”.

Poucos meses depois da reunião em causa, em Hebron, cidade sagrada para duas das religiões do Livro, cerca de sessenta judeus são massacrados. Sinagogas são profanadas. As casas árabes oferecem refúgio aos judeus. Esta foi, sem dúvida, a fase mais mortífera do ano na Palestina. Em causa: as condições de acesso a um muro em Jerusalém, regularmente contestadas – para o judaísmo, o Muro das Lamentações, vestígio do Segundo Templo da Antiguidade; para o Islão, o muro que sustenta a mesquita de Al-Aqsa, de onde se diz que o profeta Maomé teria voado uma noite montado num cavalo branco. O Partido Comunista Palestiniano, temendo uma “guerra civil”, visava os ocupantes britânicos e denunciava os dirigentes judeus e árabes, que se guiavam unicamente pela lei religiosa. Moscovo envolveu-se, culpando e emendando: o importante era o carácter anticolonialista destes motins. É claro que os “reacionários árabes” tinham desempenhado um papel importante no derramamento de sangue, é claro que tinha havido “um pogrom”, mas o facto é que, segundo a direção da Terceira Internacional, se tratava de “um movimento de libertação nacional, anti-imperialista, pan-árabe e, em termos de composição social, um movimento camponês”.

A Coroa riposta: várias centenas de militantes comunistas são expulsos do país. O partido desmorona-se. Quatro anos mais tarde, eclodiram novos motins em Jerusalém, Jaffa, Haifa e Nablus. Na esperança de quebrar os apelos dos partidos sionistas a uma imigração judaica sem regras, uma plataforma palestiniana, o Comité Executivo Árabe, apelou a uma greve e a uma manifestação, desafiando a proibição britânica. Em Jaffa, a polícia dispara contra a população: quase vinte mortos e cerca de setenta feridos, todos árabes. A oposição ao projeto sionista – fundar, através do Ocidente, um Estado judaico na Palestina, ou, nas palavras do fundador do sionismo político, Theodor Herzl, ser “a sentinela avançada da civilização contra a barbárie” –, esta oposição não é nova.

Como recorda Elias Sanbar no seu livro Figures du Palestinien, os primeiros confrontos remontam a 1886. Quase meio século antes. Desde 1891 que circulam petições destinadas a controlar a imigração judaica, dirigidas ao Império Otomano. “De facto, desde as primeiras vagas de colonização e a fundação dos primeiros colonatos, os palestinianos sentiram a natureza específica do perigo que os ameaçava, o de serem substituídos na sua terra”, resume o historiador palestiniano.

Ran Greenstein, autor em 2014 do ensaio Zionism and its Discontents, vai publicar um estudo dedicado a Jabra Nicola nas colunas do Jerusalem Quarterly. São raros. Leiamos: “São poucas e dispersas as referências à passagem de Jabra Nicola pelo PCP.” De facto. A sua história funde-se então com a história do partido, que devemos continuar a contar em poucas palavras. Em 1935, o dirigente do PCP, Radwan Al Hilu, filho de Jaffa e primeiro militante árabe a ocupar o cargo, declara que os judeus devem ser “convencidos de que os seus interesses nacionais e de classe estão ligados ao resultado vitorioso do movimento de libertação nacional das massas árabes”.

Nesse mesmo ano, Najati Sidqi, também membro do partido, foi a Espanha para lutar contra o franquismo ao lado dos republicanos e, ao mesmo tempo, tentar dissuadir as tropas marroquinas de servir o fascismo, como o fizeram de forma tão horrível. O socialismo é um assunto planetário, escreverá Sidqi:

“Não é também a liberdade e a democracia que reivindicamos? Não poderia o Magrebe Árabe alcançar a liberdade nacional se os generais fascistas fossem derrotados? […] A vitória dos republicanos espanhóis sobre os colonizadores alemães e italianos não faria pender a balança a favor dos partidários da democracia e dos povos oprimidos do mundo inteiro?”

Quanto ao cofundador do partido, Joseph Berger, encontrava-se então em Moscovo: preso pelas autoridades soviéticas, foi condenado à morte e depois perdoado; passará mais de vinte anos da sua vida nos campos estalinistas e no exílio na Sibéria. Porquê isto? Um professor comunicou às autoridades competentes observações que Berger tinha feito e que não eram muito lisonjeiras em relação a Estaline – foi assim pintado como um “trotskista”. Reabilitado após a morte do tirano soviético, Berger afirmou nas suas memórias O Naufrágio de uma Geração que o mais importante era contribuir sempre para “a procura da verdade”.

Na Palestina, os motins transformam-se em revolta. À“revolução”, para usar a expressão de Elias Sanbar. Estamos em 1936 e a população árabe insurge-se, desta vez com mais força, desta vez de forma massiva, contra os ocupantes britânicos e o projeto sionista: greves, criação de comités, grandes concentrações, distribuição de panfletos com objetivos revolucionários, ações armadas, ataques a comboios, destruição de pontes, rebentamentos de oleodutos, etc. O país torna-se, prossegue o historiador palestiniano, “um verdadeiro território de guerra”. A Coroa prende numerosos independentistas. Enforca-os, fuzila-os e tortura-os. No final da revolta, em 1939, contavam-se seis mil árabes mortos e nove mil feitos prisioneiros. “A maior parte da elite palestiniana desapareceu”, observará o historiador francês Dominique Vidal. A Coroa propôs então a divisão do país em dois Estados, um judeu e outro árabe. Os representantes árabes rejeitaram qualquer colonização. O Partido Comunista Palestiniano apoiou a revolta popular. Em consequência, dividiu-se.

Em 1937, foi criada uma secção judaica no seu seio, crítica relativamente à direção. Uma parte dos militantes comunistas condenam, por um lado, as exigências árabes de suspensão total da imigração judaica, numa altura em que o nazismo, agora triunfante, perseguia esta minoria na Alemanha, e, por outro, denunciam a aproximação entre certas vozes nacionalistas árabes e o fascismo europeu – à imagem, depois famosa, de Mohammed Amin al-Husseini, Grande Mufti de Jerusalém, que alguns anos mais tarde saudará, num discurso, a política de Hitler para “eliminar o flagelo dos judeus no mundo”. A revolução comunista, argumenta esta secção, não podia aliar-se a contra-revolucionários; ela desapareceu em 1939, quando a Coroa anunciou que a imigração judaica seria controlada. A posição de Nicola é desconhecida. Sabe-se apenas que traduziu uma das reuniões do partido, falante de hebraico que era, e que trabalhará em seguida na reintegração dos militantes judeus.

Na Europa, a guerra devastava o continente. Na Palestina, Jabra Nicola foi detido pelos ocupantes britânicos e, juntamente com outros militantes, é atirado para um campo de detenção administrativa. Com que fundamento? Suspeita de simpatia pelo inimigo, ou seja, pelo Eixo. “Que ironia amarga. Porque, desde o início da guerra, Jabra tinha apoiado o campo antifascista[19]”, escreverá Moshe Machover, seu futuro camarada de armas. Jabra Nicola foi libertado em 1941. O Terceiro Reich invadiu a União Soviética em junho desse ano; cinco meses depois, Goebbels, ministro e deputado, declarou na imprensa: “cada um dos judeus é nosso inimigo”. Ninguém ignora o que se seguiu. Os desaparecidos, aos milhões, nos campos de extermínio da Polónia. As vidas, tão numerosas, tombadas perante as balas das unidades móveis nazis. Samuel Zygelbojm, um dirigente do Bund socialista, suicida-se para denunciar a passividade dos Aliados. O mundo iídiche aniquilado. Edward Saïd escreverá: “Loucura do genocídio contra o povo judeu”.

A viragem trotskista

Foi através da leitura de um artigo de Trotsky sobre a política da União Soviética em relação à Alemanha, traduzido para árabe e publicado na imprensa egípcia, que Jabra Nicola descobriu o pensamento proscrito do fundador do Exército Vermelho, assassinado no México no verão de 1940 por um dos homens de Estaline. Não dispomos de nenhuma informação suplementar sobre este artigo. Vamos supor que se referia à tática estalinista do Terceiro Período, “classe contra classe”, que, até 1934, colocava o nazismo e a social-democracia lado a lado – chegando mesmo a confundi-los sob o nome de “social-fascismo”. Esta tática foi vivamente contestada por Trotsky, que a opôs à “frente unida” mais ampla e a acusou de ter tornado possível a subida de Hitler ao poder.

Nos anos 40, Jabra Nicola aproxima-se do trotskismo. Rompe com o “comunismo” estalinista da Terceira Internacional e adere à Quarta, fundada por Trotsky na região parisiense em setembro de 1938. Sem, curiosamente, romper com o PCP. “Apesar de não esconder os seus pontos de vista trotskistas, os dirigentes do partido – intelectuais de pequena estatura em comparação – não ousaram excluí-lo. Mas foram-lhe retirando progressivamente qualquer influência política direta e acantonaram-no na escrita”, como explica o seu amigo Machover.

No final de 1947, a ONU, dominada pelas potências coloniais ocidentais, votou a partilha da Palestina. 33 votos a favor, 13 contra, 10 abstenções. Estaline tinha feito uma reviravolta: com a guerra terminada, apoiava agora a reivindicação sionista – “numa altura em que o líder soviético lançava uma campanha de repressão contra os judeus” em solo russo. Apoia e arma fortemente o futuro Estado de Israel. Nas palavras de um embaixador estalinista, “os judeus avançados e progressistas da Palestina são mais promissores para nós do que os árabes atrasados”. O que aconteceu a seguir é bem conhecido: as populações árabes levantaram os seus exércitos face à tomada do poder; foram derrotadas. Para os palestinianos, foi a Nakba. Cerca de 800.000 palestinianos foram expulsos, centenas de aldeias foram arrasadas e os massacres contam-se pelas dezenas: uma limpeza étnica, “o desaparecimento da Palestina”, como recordou Edward Saïd, então uma criança.

Tony Cliff, nascido Yigael Glückstein na Palestina, recordou nas suas memórias, A world to win, que queria conhecer Jabra Nicola no início da década de 1940. Sabia do seu papel como diretor do jornal comunista El Nur (A Luz). Cliff era membro da Liga Comunista Revolucionária – o partido palestiniano da jovem Quarta Internacional Trotskista. O objetivo que Cliff aqui se fixava era a emancipação de todos através da igualdade de todos. Descreveu Jabra Nicola como “um homem verdadeiramente brilhante”, acrescentando que o palestiniano, que acabara de ser preso pelos ingleses, trabalhava de noite e vivia num único quarto com a mulher, o filho pequeno, a irmã, o sobrinho e a mãe doente. “Todos os dias, no final do seu serviço, eu via-o e falava com ele durante três ou quatro horas”. Da sua mulher apenas sabemos o nome, Aliza Novik. Também ela era militante. E judia, a acreditar no seu apelido russo ou polaco.

Jabra Nicola aderiu à Liga em 1942. São cerca de três dezenas de membros. Publicam dois jornais, um em árabe (Sawt al-Haq - A Voz da Verdade) e outro em hebraico (Kol Hamaamad – A Voz da Classe). Opunham-se à partilha da ONU, essa “solução pura e exclusivamente para os países imperialistas”. Esta era, muito simplesmente, a posição de Trotsky como um anti-sionista determinado. Em janeiro de 1937, num artigo, ele observava que “o sionismo é incapaz de resolver a questão judaica”: não se combate o antissemitismo europeu homologando as coordenadas capitalistas e imperialistas dominantes, mas contribuindo para a vitória do socialismo.

Em dezembro do ano seguinte, qualifica a proposta política do sionismo como “uma miragem trágica”. Dois meses mais tarde, numa entrevista, ele insiste: o seu interlocutor, partidário da criação de um novo Estado na Palestina, objeta que “alguma coisa deve ser feita” para ajudar o seu povo; Trotsky responde afirmativamente, naturalmente, mas especifica: “alguma coisa eficaz”. O revolucionário no exílio advertia, premonitório: se uma nova guerra mundial rebentasse, os judeus “seriam praticamente eliminados” – rebentaria sete meses mais tarde. A única solução, insiste, é instaurar a igualdade na Europa. Por outras palavras, o socialismo. Algumas semanas antes do seu assassinato, descreveu pela última vez a ideia sionista como uma futura “armadilha sangrenta”. Uma visão muito banal no campo igualitário da época. Sobretudo entre os judeus – “a maior parte dos anti-sionistas eram judeus”.

Com o Matzpen

A 14 de maio de 1948, o Estado de Israel declara a sua independência pela voz de David Ben Gourion. Três décadas antes, ele tinha celebrado “a história da colonização americana”, na medida em que “testemunha a grandeza e a dificuldade do papel dos primeiros colonos que ali chegaram em busca de uma nova pátria”[34]. A pátria vinda da Europa é estabelecida. E os Palestinianos pulverizados, tal como as Primeiras Nações.

Trinta anos mais tarde, a poetisa Fadwa Touqan escreveu nas suas memórias, O grito da pedra:

“Com a queda da Palestina, em 1948, o edifício da sociedade árabe tradicional foi abalado nos seus fundamentos políticos, sociais e culturais; [...] o pensamento socialista e marxista começou a impregnar a consciência dos povos árabes, levando-os a lutar, por um lado, contra a dominação colonialista e, por outro, contra a sociedade tradicional [35].”

Embora nem todos os socialistas tenham alcançado a justiça sob o nome de “socialismo”, a justiça continua a ser impensável sem ele. Porque o socialismo é apenas a condição de possibilidade da justiça aqui em baixo. A sua materialização. O que se faz fora do socialismo continua a fazer-se no espaço delimitado pelos fortes; o Sul e os não-brancos ergueram por isso a bandeira bem alto. Na Indochina, Ho Chi Minh, que se tinha tornado simpatizante marxista em Paris, prossegue a sua luta contra o Império francês. Aimé Césaire faz campanha há três anos sob as cores do PCF.

Bachir Hadj Ali torna-se chefe de redação do semanário Liberté, publicado pelo Partido Comunista Argelino – mais tarde tornou-se o seu primeiro secretário. Kwame Nkrumah, o futuro presidente socialista do Gana, tinha-se encontrado três anos antes com C.L.R. James, um trotskista de Trinidad e Tobago, e ei-lo preso na sequência de motins em Accra. Em Lisboa, Amílcar Cabral ainda não era o líder marxista que conhecemos: por enquanto, estudava e liga-se aos meios antifascistas. O escritor afro-americano Claude MacKay morre em Chicago, depois de uma vida inteira a “combinar ideias comunistas com uma profunda simpatia e compreensão das queixas dos negros” [37]. E na Palestina, neste ano de 1948, a Liga convida os proletários árabes e judeus a unirem-se contra as tendências contra-revolucionárias dos dois campos, sionista e feudal. [36]

Voltamos a encontrar o rasto de Jabra Nicola em 1952.

Por força das circunstâncias, tornou-se palestiniano com nacionalidade israelita e, em Haifa, juntamente com o escritor comunista palestiniano Emile Habibi, ajudou a fundar o jornal cultural al-Jadid (A Novidade). Nicola interessou-se particularmente pela literatura. Traduz vários clássicos para árabe, incluindo, não sem orgulho, a Sonata de Kreutzer de Tolstoi. O Partido Comunista Palestiniano terminou quando foi fundado o Estado de Israel, para se juntar ao novo Partido Comunista, desta vez “israelita”, dito Maki; Jabra Nicola, como vimos, não o abandonou apesar das suas convicções trotskistas – e não foi expulso. Mas em 1956, o Maki, presente no Knesset, bate-lhe com a porta.

Ano decisivo: Khrushchev coloca em causa a ordem despótica instaurada por Estaline, que morrera uma década antes; Marrocos e a Tunísia conquistam a sua independência e são admitidos na ONU; Israel invade a Faixa de Gaza e o Sinai; a URSS esmaga a Hungria insurreta com os seus tanques; Fidel Castro e os seus homens desembarcam em Cuba para derrubar a ditadura pró-americana. O Maki encontra-se abalado. Demissões e expulsões. Dois anos mais tarde, Jabra Nicola participa num encontro entre escritores palestinianos e israelitas. Declara que os árabes eram “o sal desta terra” [38] e pergunta quantos dos israelitas presentes sabiam exprimir-se na sua língua – porque, sublinhou, à exceção de dois participantes, todos os palestinianos falavam hebraico. “Como tencionam comunicar connosco?”[39]

Em 1962, um pequeno grupo de comunistas expulsos fundou a Organização Socialista Israelita – mais conhecida pelo nome do seu jornal, Matzpen (A Bússola). Michel Warchawski, um dos seus membros, contará em 2002 no livro On the Border: “A organização propõe uma crítica radical ao sionismo: […] analisa a guerra de 1948 como uma guerra de limpeza étnica e não como uma guerra de libertação nacional[40].” Jabra Nicola juntou-se ao Comité Executivo Internacional da IV Internacional em 1963. Assim como o Matzpen. Neste momento a organização mal existe no campo político. A Guerra dos Seis Dias, no Verão de 1967, vai mudar isso. O Matzpen opõe-se, “sozinho contra todos[41]”; o ostracismo, incluindo da esquerda, é brutal. O Estado de Israel derrotou as forças armadas egípcia, jordana, síria, iraquiana e libanesa numa questão de dias, enquanto conquistava novos territórios.

A organização socialista publica o seu primeiro manifesto e traça uma linha clara: a solução para o drama é de natureza revolucionária e federal; O sionismo, enquanto ideologia de Estado colonial e imperial, está destinado a desaparecer: Israel será “dessionizada” e transformar-se-á num Estado socialista; a possibilidade de qualquer judeu em qualquer parte do mundo se instalar imediatamente será abolida e qualquer refugiado palestiniano poderá regressar ao país; todos os palestinianos expropriados serão compensados; a existência judaica, enquanto “nação hebraica” (no sentido de “povo”) será reconhecida como um facto, e portanto garantida, de modo a afastar a maioria israelita da ideologia sionista; será estabelecida uma federação árabe-judaica sem classes. “Resistir, romper com as fronteiras interétnicas, romper com o consenso[42]”, dirá Warchawski.

“Jabra teve uma influência importante e profunda na direção que Matzpen tomou, particularmente no que diz respeito ao Oriente Árabe e ao Sionismo[43]”, recordaria Moshe Machover. A organização é composta por jovens militantes; Nicola, na casa dos cinquenta, é dos mais velhos; deixará de intervir na década de 1980. Jabra Nicola começou a contribuir para o jornal a partir da quinta edição, sob o nome Abu Sa'id.

Por um Médio Oriente socialista

Intransigente e obstinado, dizer-se-á dele, o palestiniano sabia, no entanto, discutir com pessoas cujas opiniões reprovava. O seu pensamento chega-nos claramente nas décadas de 1960 e 70. Muitos dos seus artigos podem agora ser lidos em árabe, hebraico e, em menor grau, em inglês. Sintetizemos com traços vivos.

“De todos os problemas legados ao mundo pelo imperialismo europeu, a Palestina é um dos mais insolúveis [44]”, co-escreve Nicola no Verão de 1966. Israel permanecerá para sempre “uma pequena fortaleza cercada” se o povo palestiniano continuar a ser oprimido, segregado e discriminado. Mas não basta gritar “Libertação da Palestina”: é preciso disponibilizar uma “solução política, realista e justa”. Esta não pode ser estritamente estatal; só a construção gradual de uma União, de uma federação socialista de povos que garanta aos palestinianos a igualdade total, aos refugiados o direito de regresso e aos israelitas o direito de se determinarem como povo israelita e não como Estado dos judeus de todo o mundo, é capaz de resolver a questão de uma vez por todas.

Com “Para onde vai o nasserismo?”, publicado em 1967 na 38ª edição do Matzpen, Nicola reitera a sua crítica, iniciada quatro anos antes no artigo “A lição iraquiana: uma lição valiosa”. O pensamento do presidente Nasser é pequeno-burguês. Embora reconheça as virtudes da sua luta contra o imperialismo e a implementação de certas reformas no Egito, lamenta o facto de não tocar – como todo o movimento baathista, que mistura nacionalismo, pan-arabismo e socialismo – nos próprios fundamentos do capitalismo.

Em agosto de 1969, edição número 50, escreve com Machover o artigo “A luta palestiniana e a revolução no Médio Oriente”. Depois de criticar todos os governos árabes, o texto saúda a natureza altamente popular, isto é, não instrumentalizada, da causa palestiniana. A necessidade urgente é, portanto, organizar as massas árabes em torno da classe trabalhadora e de um programa anticapitalista. Mas, para construir uma Palestina justa, é necessário pôr fim à reivindicação nacionalista estritamente árabe: negar a existência do povo israelita, agora personificado por uma língua e cultura próprias, é um beco sem saída político. É importante pensar num Médio Oriente completamente novo, forte e igualitário, para todos os seus povos, minorias ou não – árabes, judeus, curdos, etc. Só uma revolução socialista pode levar a bom porto este projeto. Esta, de resto, não terá de seguir os cânones marxistas-leninistas europeus: não há necessidade de uma fase de transição burguesa na região para marchar diretamente para o socialismo. Na introdução do seu livro inacabado, Nação Árabe e Modo de Produção Asiático, Jabra Nicola invoca o último Marx, o da sua breve correspondência com a militante populista russa Vera Zasulitch. Em suma: o autor do Manifesto Comunista julgava, enquanto a sua vida se aproximava do fim, que era “possível que uma revolução eclodisse em condições e formas que ele nunca tinha previsto anteriormente [45]”.

Os curdos, precisamente. Jabra Nicola regressa a eles diversas vezes. “Apoiar os curdos, porquê?” pergunta em 1963 na 11ª edição do Matzpen. O militante palestiniano opõe-se ao “regime sangrento e terrorista do Partido Baath [46]” que, no Iraque, massacra o povo curdo presente nas suas fronteiras. Nicola usa a palavra proibida “Curdistão”, chama “combatentes pela liberdade” às forças armadas curdas e lamenta que o povo nunca tenha conseguido alcançar a independência, agora dividido em quatro Estados: Iraque, Turquia, Irão e Síria. “A pobreza, a exploração, a ignorância e as doenças são o destino das massas curdas. Enfrentam discriminação em todas as esferas da vida: política, económica e cultural”. Devemos, por isso, apoiar a reivindicação curda de independência: longe de prejudicar os povos árabes, como acredita a maioria dos nacionalistas, beneficia-os, pois serve o projeto anticolonialista. O facto de os israelitas, ávidos de enfraquecer as vozes árabes, aplaudirem a luta curda não muda nada: ninguém se deixa enganar pela manobra; As lutas curdas e palestinianas são de facto “complementares”. No ano seguinte publicou o texto “Os Curdos: Um Primeiro Passo. Vitória do movimento anti-imperialista no mundo árabe[47]”. Nele, volta a condenar a guerra do Iraque contra eles – uma guerra que, duas décadas depois, Saddam Hussein, “um líder terrível [48]” como diria Edward Said, transformaria em genocídio.

“Revolução Árabe e Problemas Nacionais no Oriente Árabe”, escreve em julho de 1973, mais uma vez ao lado de Machover. A guerra do Kippur/Ramadão rebentaria dentro de três meses. Voltando à importância da unidade árabe, da unificação do Maxereque e da necessidade de uma revolução socialista – que reúna operários e camponeses – o texto sublinhava a necessidade de a luta palestiniana não se isolar no plano nacional. O conflito é regional e a solução também. A oposição às atuais potências árabes, ao imperialismo ocidental e ao sionismo faz parte do mesmo impulso. O par volta à necessidade de pensar, de pensar melhor, a existência israelita na Palestina. Não, reconhecer a sua realidade popular no Médio Oriente não significa legitimar o sionismo ou a opressão dos palestinianos. Os israelitas já não falam iídiche e, tal como os americanos, estão enraizados neste território – em 1973, eram 2,5 milhões (quase 7,5 milhões atualmente). Segundo os dois militantes, não compreender este facto só reforça o sionismo e a contrarrevolução, uma vez que os israelitas se refugiarão no seu próprio seio, na ausência de uma alternativa concreta. A única saída viável é conquistá-los para a revolução socialista do Médio Oriente: virar a página da doutrina colonial e oferecer aos judeus o estatuto democrático de uma componente regional no quadro de uma União igualitária.

O encontro da justiça

Jabra Nicola viria a falecer no ano seguinte à publicação deste artigo. Em Londres, doente, aos 62 anos. Num 25 de dezembro.

Este ano de 1974 é marcado pela conquista, através de Yasser Arafat, porta-voz da OLP e do Fatah, do reconhecimento da questão palestiniana na ONU. O revolucionário palestiniano – de quem Nicola não era simpatizante – propôs um plano para pôr fim à guerra: o seu agora famoso “ramo de oliveira”. Defende perante o mundo a fundação de um único “Estado nacional independente em todo o território libertado da Palestina[49]”, onde todos os habitantes, muçulmanos, judeus e cristãos, possam, abolidas as estruturas coloniais, "viver juntos, no quadro de uma paz justa”. Concluindo: “não queremos derramar uma única gota de sangue palestiniano, árabe ou judeu”. A Assembleia Geral da ONU reafirma os direitos inalienáveis do povo palestiniano à autodeterminação, independência, soberania e retorno.

Em Israel, uma série de operações armadas palestinianas marcaram o mesmo ano. Primeiro, o ataque a uma aldeia perto da fronteira com o Líbano: a FPLP-GC, nacionalista e ancorada na Síria, supervisiona. Dois soldados israelitas e dezasseis civis mortos; a força aérea ataca o Líbano em resposta. Um mês depois, membros da FDLP maoísta fizeram uma escola refém: exigiram a libertação de cerca de 20 prisioneiros; morrem 22 alunos; forças israelitas lançam um ataque. A aviação ataca novamente. Mais mortes.

Em Junho, os combatentes da Fatah – cujo programa apela a uma “Palestina progressista, democrática e não sectária [50]” e ao alistamento dos israelitas nesta revolução anticolonialista – matam sete soldados num ataque organizado; três portos libaneses são bombardeados em retaliação. Em setembro, um avião israelita foi sequestrado e despenhou-se com os seus passageiros. Poucas semanas antes da morte de Nicola, a FDLP lançou uma segunda ação para libertar prisioneiros: três dos seus combatentes, vindos da Jordânia, invadiram um edifício no norte de Israel. Quatro civis foram mortos e os corpos dos combatentes palestinianos foram incendiados pela multidão após o ataque.

“Jabra sempre colocou o bem da iniciativa revolucionária acima de tudo, especialmente acima de interesses organizacionais limitados. […] Em toda a minha vida política, nunca conheci uma pessoa mais honesta, tanto política como pessoalmente”, disse Moshe Machover ao prestar homenagem ao seu falecido amigo. Akiva Orr, cofundador de Matzpen, elogia a “independência intelectual [51]” do seu camarada: ele poderia ter-se tornado um alto responsável político se tivesse querido, isto é, se tivesse ficado calado sobre as suas críticas ou aceitado ofertas que desaprovava. “Falava com todos de igual para igual”, continua, garantindo também que Nicola era a honestidade em pessoa.

Meio século passou desde essa quarta-feira, 25 de dezembro.

A URSS afundou-se para sempre. Em nenhum lugar a proposta trotskista conseguiu mobilizar as grandes massas. O modo de produção capitalista está a devastar toda a Terra sem o menor obstáculo. Arafat morreu depois do cerco do seu quartel-general. O Estado de Israel, governado por ideólogos fascistas, está a aniquilar a Faixa de Gaza enquanto escrevemos estas linhas, e está a fazê-lo com material de guerra dos EUA e a aquiescência das forças ocidentais. A Cisjordânia, cercada por muralhas e repleta de colonatos, está a sufocar nas mãos de soldados e colonos enfurecidos. O Hamas, fundado treze anos após o desaparecimento de Jabra Nicola e apoiado durante muito tempo pelas autoridades israelitas para “contrariar a política nacional da OLP[52]”, lidera, por enquanto, a opção estratégica militar contra a ocupação sob a bandeira do islamismo – uma bandeira funesta que, para usar as palavras de Mansoor Hekmat, um apoiante iraniano do comunismo de conselhos, constitui “a base insubstituível do sistema anti-socialista e de direita na região[53]”. Que os tempos são sombrios, sim, isso é certo.

Nas suas memórias, You Can’t Please All, Tariq Ali, então membro da Quarta Internacional, relata uma visita a Jabra Nicola no Hospital Hammersmith, no oeste de Londres. A equipa médica nada sabia sobre o paciente. O velho militante não comia há dois dias. A televisão estava ligada. Estava a chover lá fora. “Apertei-lhe a mão e disse-lhe que ainda precisávamos dele, que tínhamos de formar uma nova geração, como ele tinha feito por nós. Mas abanou a cabeça com cólera e desviou o olhar” [54]. O homem sabia que estava condenado. Queria acabar o mais rapidamente possível – o livro que começara a escrever nunca seria publicado.

A morte apodera-se sempre dos corpos e, por vezes, das ideias. Portanto é morte dupla, morte plena e completa. Mas basta que uma ideia subsista para evitar que a morte leve tudo. Uma ideia pode ser uma luz – se for justa, se for verdadeira. A ideia socialista é o remédio para a obscuridade do mundo. O século XX virou-lhe as costas. Os seus ossos estão partidos. Mas, uma vez que continua a ser “o ponto de encontro de todos os sonhos de justiça[55]”, nunca é tarde para tentar erguê-lo – de outra forma.

“Sepultámo-lo num cemitério londrino. Mais um enterro palestiniano longe de casa” [56]. Evocar Jabra Nicola, evocar tantos e tantos outros como ele, uma imensa irmandade de homens e mulheres dos quatro cantos do globo, é pouco, mas esse pouco não é nada, permite-nos não cair totalmente nas trevas.


Joseph Andras é escritor e publica frequentemente artigos no jornal L’Humanité. O livro Dos Nossos Irmãos Feridos venceu o Prémio Goncourt para romance de estreia em 2016. O autor recusou-o defendendo que a sua visão da escrita “não é compatível com a ideia de competição, e a concorrência e a rivalidade são alheias à escrita e à criação”.

Publicado originalmente na revista Contretemps.


Notas:

[1] Por “força” entende-se, com Simone Weil, tudo aquilo “que faz com que aquele que a ela está sujeito seja uma coisa”. Tudo o que transforma o que vive em “cadáver”, em “pedra”. (A Ilíada ou o poema da força, Éditions de l’éclat/éclats, [2014] 2022, p. 39.) Sobre este assunto, pode ler-se a tese “Simone Weil. "Uma filosofia da força e da fraqueza", de Hiromi Takahashi, defendida em 26 de março de 2010.

[2] Hannah Arendt, Vidas Políticas, Gallimard, 1974, p. 10.

[3] J.B. Barron, “Relatório e Resumos Gerais do Recenseamento de 1922”, Tabela III, 1923.

[4] Moshe Machover, “Comerade Jabra Nicola (1912-1974)”, Matzpen n.º 73, Março-Abril de 1975 [tradução nossa].

[5] Oleg Khlevniuk, Estaline, Gallimard, 2019, pág. 204.

[6] Moshe Machover, “Comerada Jabra Nicola (1912-1974)”, art. Cit.

[7] Citado por Mario Keßler, “O Partido Comunista Palestiniano no Período Entre Guerras”, Rosa-Luxemburg-Stiftung, 27 de agosto de 2019 [tradução].

[8] Theodor Herzl, O Estado Judeu, Lipschutz, [1896] 1926, p. 95.

[9] Elias Sanbar, Figuras da Palestina, Gallimard, [2004] 2024, p. 91.

[10]Ran Greenstein, “Um revolucionário palestiniano: Jabra Nicola e a esquerda radical”, Jerusalem Quarterly, n.º 1. 46, Verão de 2011.

[11] Citado por Mario Keßler, “O Partido Comunista Palestiniano no Período Entre Guerras”, art. Cit.

[12] Najati Sidqi, “Fui defender Jerusalém em Córdoba, memórias de um comunista palestiniano nas Brigadas Internacionais Espanholas”, Jerusalem Quarterly, n° 62, verão de 2015 [tradução nossa].

[13] Joseph Berger, O naufrágio de uma geração, Denoël, 1974, p. 276.

[14] Elias Sanbar, Figuras do Palestino, op. cit., pág. 169.

[15] Ibidem, pág. 167.

[16] Alain Gresh, Israel, Palestina. Verdades sobre um conflito, Arthème Fayard/Pluriel, [2010] 2023, p. 74.

[17] Dominique Vidal, Anti-sionismo = anti-semitismo? Resposta a Emmanuel Macron, Libertalia, 2018, p. 29.

[18] Discurso de 2 de novembro de 1943, citado em Gilbert Achar, The Arabs and the Holocaust: The Arab-Israeli War of Narratives, Metropolitan Books/Henry Holt & Company, 2009, p. 157 [tradução nossa].

[19] Moshe Machover, “Comerada Jabra Nicola (1912-1974)”, art. Cit.

[20] Joseph Goebbels, “Die Juden sind schuld! », Das Reich, n.º 46, 16 de Novembro de 1941 [tradução nossa].

[21] Citado por Dominique Eddé, Edward Said. O romance do seu pensamento, La Fabrique, 2017, p. 151.

[22] Ibidem.

[23] Michel Réal, “Quando a União Soviética patrocinou Israel”, Le Monde diplomatique, no. 726, setembro de 2014, p. 8.

[24] Citado por Dominique Vidal, “Quando Estaline apoiou Israel e reprimiu os judeus”, Orient XXI, 9 de abril de 2021.
[25] Edward W. Said, Contra a Pista. Memórias, A Serpente Emplumada, 2002, p. 196.

[26] Tony Cliff, Um mundo a vencer: a vida de um revolucionário, Bookmarks, 2000, p. 23 [tradução nossa].

[27] Ibidem, pág. 24.

[28] Comunicado da Liga Comunista Revolucionária, “Contra a Partição!”, Setembro de 1947 [tradução nossa].

[29] Leon Trotsky, “A Questão Judaica”, 18 de janeiro de 1937 (Questão Judaica/Questão Negra, Éditions Syllepse, 2011, p. 119.)

[30] Leon Trotsky, “Apelo aos judeus americanos ameaçados pelo fascismo e pelo antissemitismo”, 22 de dezembro de 1938 (Ibid., p. 141).

[31] Leon Trotsky, “Entrevista com um sionista”, 14 de fevereiro de 1939 (Ibid., p. 145).

[32] Leon Trotsky, “Sobre a questão judaica”, julho de 1940 (Ibid., p. 148).

[33] Textos selecionados por Béatrice Orès, Michèle Sibony, Sonia Fayman, Anti-Sionism, a Jewish History, Éditions Syllepse, 2023, p. 17.

[34] Sionismos. Textos fundamentais, reunidos e apresentados por Denis Charbit, Albin Michel, 1998 – David Ben Gurion, “O Dom do País”, Da Classe ao Povo, Am Oved, 1956.

[35] Fadwa Touqan, O Cri da Pedra, L’Asiathèque, 2024, p. 183.

[36] Aimé Césaire, Porque sou comunista, Edições do Partido Comunista Francês, 1947, p. 14.

[37] Claude MacKay, “A questão racial nos EUA”, International Press Correspondence, 21 de novembro de 1922 [tradução].

[38] Ran Greenstein, “Um revolucionário palestiniano: Jabra Nicola e a esquerda radical”, art. Cit.

[39] Ibidem.

[40] Michel Warchawski, Na fronteira, Hachette, [Stock, 2002] 2009, p. 45.
[41] Ibidem, pág. 49.

[42] Ibidem, pág. 289.

[43] Moshe Machover, “Comerada Jabra Nicola (1912-1974)”, art. Cit.

[44] Jabra Nicola e Moshe Machover, “The Palestine Problem”, Matzpen, n.º 36, Junho-Julho de 1967 (mas apresentado à organização em Agosto de 1966 sob a forma de “teses”) [tradução nossa].

[45] Marcello Musto, Os últimos anos de Karl Marx. Uma biografia intelectual 1881-1883, Puf, 2023, p. 154.

[46] Jabra Nicola, “Por que razão os curdos devem ser apoiados”, Matzpen, n.º 11, Outubro de 1963 [tradução nossa].

[47] Jabra Nicola, “הכורדים: הצעד הראשון; "Os Curdos: um primeiro passo. "Vitória do movimento anti-imperialista no mundo árabe"], Matzpen, n.º 16, Março de 1964 [tradução nossa].

[48] Edward Said, Israel, Palestina: Igualdade ou Nada, La Fabrique, [1999] 2021, p. 163.

[49] Yasser Arafat, Nações Unidas, Assembleia Geral, 29ª Sessão, Reuniões Plenárias, 13 de novembro de 1974, p. 918.

[50] Fatah, A Revolução Palestiniana e os Judeus, Orient XXI/Libertalia, 2021, p. 37.

[51] Akiva Orr, “הוא לא היה מורה, אבל למדנו ממנו הרבה” [“Ele não era professor, mas aprendemos muito com ele”], Matzpen, n° 73, Março-Abril de 1975 [tradução nossa].

[52] Ilan Pappe, Uma terra para dois povos. História da Palestina Moderna, Fayard, 2004, p. 269.

[53] Mansoor Hekmat, “A ascensão e queda do islamismo político”, http://hekmat.public-archive.net, Inverno de 2001 [tradução nossa].

[54] Tariq Ali, O choque dos fundamentalismos: cruzadas, jihads e modernidade, Verso, 2002, p. 89 [tradução nossa].

[55] Jean Jaurès, “As Pessoas e os Sistemas”, La Dépêche, 29 de abril de 1891.

[56] Tariq Ali, O choque dos fundamentalismos: cruzadas, jihads e modernidade, op. cit..