Nos primeiros quatro meses deste ano houve pelo menos 21 partos em ambulâncias, revela esta quarta-feira o semanário Expresso, com base numa “pesquisa pouco exaustiva” em relatos publicados na imprensa e em páginas das redes sociais das corporações de bombeiros. Ou seja, os 21 partos são um número que peca por defeito. Os encerramentos de urgências em vários pontos do país têm contribuído para o aumento do número de grávidas que não conseguem chegar à urgência aberta mais próxima, normalmente a várias dezenas de quilómetros de distância, a tempo de ali efetuar o parto.
Saber os números verdadeiros dos partos feitos em ambulâncias é difícil porque os profissionais não são obrigados a colocar nos registos clínicos se o parto ocorreu em trânsito ou no hospital. A única estimativa é a do INEM, que no ano passado indicava 25 crianças nascidas em ambulâncias, 11 na via pública e outras 30 onde não ficou registado o local exato onde foi realizado o parto.
Usando o mesmo método de pesquisa na imprensa e redes sociais de bombeiros, em agosto do ano passado o Expresso já tinha identificado pelo menos 40 partos em ambulâncias desde o início de 2024. Ou seja, mais do que os bebés nascidos em um terço dos concelhos portugueses em todo o ano de 2023.
Comparando a estimativa por baixo dos 21 bebés nascidos este ano até à Páscoa com o último ano com dados oficiais de nascimentos por concelho, conclui-se que em quatro meses já houve tantos ou mais nascimentos nas estradas portuguesas do que no ano inteiro de 2023 em 41 concelhos: Corvo (1), Alcoutim (5), Barrancos e Lajes das Flores (7), Vila Velha de Ródão (8), Castanheira de Pêra e Castelo de Vide (10), Alvito (11), Gavião, Gavião, Porto Moniz e Santa Cruz das Flores (12), Armamar e Sardoal (13), Alfândega da Fé, Fronteira, Pampilhosa da Serra e Penedono (14), Crato e Figueiró dos Vinhos (15), Alter do Chão, Avis, Constância e Vimioso (16), Almeida, Arronches, Mêda, Oleiros e Pedrógão Grande (17), Mesão Frio, Mourão, Proença-a-Nova e Vinhais (18), Carrazeda de Ansiães (19), Monforte, Vila de Rei e Vila Nova de Foz Côa (20), Aguiar da Beira, Fornos de Algodres, Freixo de Espada à Cinta, Góis, Mértola e Santa Marta de Penaguião (21).
