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Já Marchavas marca Dia para Eliminação de Violência contra Mulheres com colcha de retalhos

“Cada tecido será dedicado a uma vítima, cozidos entre si, formando assim um memorial de homenagem a todas as mulheres assassinadas por violência em 2021”, diz a plataforma que fará uma ação de denúncia pública às 18 horas do próximo dia 25 de novembro em Viseu. Notícia do Interior do Avesso.
Pormenor do cartaz da iniciativa da Plataforma Já Marchavas.
Pormenor do cartaz da iniciativa da Plataforma Já Marchavas.

No próximo dia 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra as Mulheres, a Plataforma Já Marchavas realiza uma denúncia pública, pelas 18 horas, no Rossio, na cidade de Viseu.

Em comunicado, a Plataforma afirma que a iniciativa será para “prestar homenagem às mulheres vítimas de uma sociedade machista, sexista, racista, homofóbica, transfóbica e patriarcal!”

Assinalam que em Portugal, “os números da violência contra as mulheres continuam a envergonhar o país. Não esquecemos, nem deixamos esquecer, as mulheres que, ano após ano, são assassinadas!”
“A Plataforma assinala a data com uma “colcha de retalhos”, inspirada na Colcha de Retalhos da HIV (AIDS Memorial Quilt), iniciada nos anos 1980 pelo movimento LGBT dos EUA. Cada tecido será dedicado a uma vítima, cozidos entre si, formando assim um memorial de homenagem a todas as mulheres assassinadas por violência em 2021”, afirma-se.

Por fim, apela-se à participação nesta denúncia pública que irá decorrer no Rossio, pelas 18 do próximo dia 25 de novembro, na cidade de Viseu.

25 de Novembro – Nem mais uma!

Esta iniciativa é acompanhada da divulgação do manifesto: 25 de Novembro – Nem mais uma! Que divulgamos aqui:

A 25 de novembro assinala-se o dia Dia Internacional Pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Instituído em 1999 pela ONU, é hoje um dia de homenagem, de alerta e de luta pelos direitos das mulheres.

Passadas mais de duas décadas, as mulheres continuam a representar a larga maioria das vítimas de violência doméstica, assédio, violação e outros tipos de violência sexual, casamento forçado ou mutilação genital, entre outras formas de violência. São também as mulheres as principais vítimas mortais em contexto de violência na intimidade.

Em Portugal, os números da violência contra as mulheres continuam a envergonhar o país. Não esquecemos, nem deixamos esquecer, as mulheres que, ano após ano, são assassinadas!

Só em 2020, o Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR registou 35 mulheres assassinadas: 19 vítimas de feminicídio em contexto de relações de intimidade e 16 assassinadas noutros contextos. Recordamos cada uma delas: Ana Mafalda Teles, Ana Maria Melo, Arminda Monteiro, Beatriz Lebre, Carla Barbosa, Celeste Paiva, Cláudia Gomes, Deolinda Lopes, Eduarda Graça, Eugénia, Floripes Machado, Francelina Santos, Iris Abas, Isabel Velez, Jasmina Löfgren, Lúcia Rodrigues, Manuela Viana, Maria Costa, Maria da Graça Ferreira, Maria de Lurdes Gomes, Maria Isabel Fonseca, Maria Isabel Salgado Martins, Maria Lúcia Santana, Maria Nazaré, Marta Figueiredo, Nadiya Ferrão, Não Identificada, Nazaré Santos, Paula Alves, Paula Cunha, Rosa Novais, Sílvia Damião, Teresa Fernandes, Tereza Paulo, Valentina Fonseca.

Homenageamos ainda, numa iniciativa simbólica marcada para 25 de novembro, as mulheres assassinadas em 2021, cujos dados ainda não são conhecidos.

Mas lembramos também todas as mulheres que não estão nestes registos, bem como todas as que já foram, ou continuam a ser, vítimas de qualquer forma de violência, numa sociedade que desvaloriza as suas histórias e silencia as suas vozes!

Vítimas de uma sociedade machista, sexista, racista, homofóbica, transfóbica e patriarcal! Uma sociedade de consumo que todos os dias objetifica, sexualiza e explora as mulheres, apropriando-se da sua liberdade e do seu corpo!

Também a pandemia que vivemos desde 2020 e os consequentes períodos de confinamento contribuíram para uma intensificação da violência de género, ao colocar muitas mulheres confinadas com os seus agressores. Um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (VD@COVID19) reporta que 15% das pessoas inquiridas declararam ter havido violência doméstica em sua casa, tendo 34% das vítimas declarado que esta se tratou de uma primeira agressão.

O enviesamento do fator género na violência é notório nos dados do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) mais recente, que reporta a 2020. A violência doméstica contra cônjuge ou situação análoga continuou a ser o crime mais participado em Portugal, representando 85% das mais de 27 mil queixas por violência doméstica. Do total de vítimas de violência doméstica, a maioria são mulheres e raparigas (75%), enquanto que a maioria dos denunciados são homens (81,4%).

Nos crimes de violação, 99,1% dos arguidos são homens e 92,3% das vítimas são mulheres. Nos casos de abuso sexual de menores, 92,9% dos arguidos são homens e 76,9% das vítimas são raparigas.

Acresce que, numa perspetiva interseccional, as mulheres em situação de pobreza, as mulheres LGBTI+, como lésbicas, bissexuais e trans, as pessoas não-binárias, as mulheres racializadas, as pessoas com deficiência, migrantes ou refugiadas, são alvo de múltiplas violências.

Não esqueçamos que Portugal foi um dos Estados que ratificou a Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e à Violência Doméstica, tendo, no âmbito da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, defindo como prioritária a erradicação de todas as formas de discriminação e violência contra mulheres e raparigas.

As denúncias de milhares de mulheres, o trabalho de tantos movimentos, associações e organizações, as intensas campanhas de sensibilização continuam a não ser suficientes para acabar com um problema que é estrutural.

Por isso, no dia 25 de Novembro, Pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres:

Denunciamos uma sociedade que continua a silenciar a voz das mulheres e homenageamos as que perderam a vida!

Protestamos para dar visibilidade às mulheres vítimas das formas de violência machista, racista e patriarcal!

Exigimos leis que valorizem e protejam todas as mulheres, não esquecendo as de risco!

Reivindicamos um combate veemente e estrutural a todas as formas de violência!

Lutamos pelo fim do patriarcado e por um amanhã em que NEM MAIS UMA MULHER será vítima de violência!

Este manifesto pode ser subscrito aqui.

Notícia do Interior do Avesso.

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