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Irão: Regime mata mais de 200 pessoas, entre as quais 27 crianças

Pelo menos 215 pessoas foram mortas desde que eclodiram os protestos com a morte de Mahsa Amini, diz a Iran Human Rights. Incêndio na prisão de Evin matou oito pessoas. Muitos presos políticos foram severamente espancados e transferidos para a Prisão Rajai Shahr.
Foto publicada na página de Facebook de Iran Human Rights.

De acordo com a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights, sediada em Oslo, na Noruega, o número de pessoas mortas nos atuais protestos em todo o Irão aumentou para, pelo menos, 215 pessoas, incluindo 27 crianças.

Condenando “a repressão violenta contra crianças e prisioneiros”, o Iran Human Rights reitera mais uma vez a “necessidade urgente da formação de um mecanismo independente sob a supervisão das Nações Unidas” para chamar à justiça os responsáveis.

O diretor de direitos humanos do Irão, Mahmood Amiry-Moghaddam, frisou que “a violência imprudente do Estado que tem como alvo crianças e prisioneiros, juntamente com as narrativas falsas apresentadas por funcionários da República Islâmica, tornam mais crucial do que nunca que a comunidade internacional estabeleça um mecanismo independente sob a supervisão da ONU para investigar e responsabilizar os perpetradores de tais violações graves dos direitos humanos”.

Na noite de 17 de outubro, um incêndio deflagrou na prisão de Evin, em Teerão, e foram ouvidos vários tiros. Segundo os media oficiais, foram mortas oito pessoas e dezenas ficaram feridas. A televisão estatal iraniana chegou a noticiar que morreram 40 prisioneiros, tendo rapidamente corrigido o número para quatro. Depois disso, os números oficiais foram atualizados para o dobro: oito.

A Iran Human Rights denuncia que muitos presos políticos foram severamente espancados e transferidos para a Prisão Rajai Shahr (Gohardasht) naquela noite ou no dia seguinte, e acusa os media oficiais de, “ao publicar narrativas falsas e distorcer factos”, procurou “retratar os distúrbios como confrontos entre prisioneiros não políticos e não relacionados com os protestos”. A ONG acrescenta ainda que o número de mortos na prisão de Evin é provavelmente maior do que a contagem oficial.

A organização reforça que o número avançado pecará por defeito, já que “inclui apenas aqueles verificados por investigadores dos Direitos Humanos do Irão”.

As 215 mortes foram registadas em 19 províncias,: Sistão e Baluchistão: 93 pessoas; Mazandaran: 28 pessoas; Curdistão: 16 pessoas; Teerão: 15 pessoas; Gilan: 14 pessoas; Azerbaijão Ocidental: 13 pessoas; Kermanshah: 10 pessoas; Alborz: 6 pessoas; Khorasan-Razavi: 4 pessoas; Isfahan: 3 pessoas; Kohgiluyeh e Boyer Ahmad: 2 pessoas; Zanjan: 2 pessoas; Qazvin: 2 pessoas; Azerbaijão Oriental: 2 pessoas; Semnan: 1 pessoa; Ilam: 1 pessoa; Bushehr: 1 pessoa; Khuzistão: 1 pessoa; Ardabil: 1 pessoa. O maior número de mortes foi registado nos dias 21, 22 e 30 de setembro.

A Iran Human Rights também recebeu inúmeros relatos de prisões em massa de manifestantes e ativistas da sociedade civil que foram identificados por serviços de informação. “O uso de tortura e maus-tratos contra manifestantes foi amplamente divulgado, com pelo menos duas mortes sob custódia”, escreve a ONG, que acrescenta que famílias reportaram que “os seus entes queridos estão sob pressão para forçar confissões gravadas”.

A 30 de setembro, um grupo de pessoas reuniu-se após a oração de sexta-feira em Zahedan para protestar contra a violação de uma menina balúchi de 15 anos pelo chefe de polícia de Caponta. A Campanha de Ativistas Balúchi avançou que 93 pessoas foram mortas. Algumas “morreram devido aos ferimentos desde a repressão sangrenta”.

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