“A direção do Sindicato dos Jornalistas considera inadmissível, inviável e impensável a intenção anunciada pelo Global Media Group [GMG] de despedir 150 pessoas, quase um terço dos cerca de 500 trabalhadores da empresa“, lê-se em comunicado divulgado na sexta-feira.
O SJ explica que “a decisão foi comunicada formalmente pela administração a várias pessoas e colheu oposição unânime das redações incrédulas e indignadas com a administração, que, formalmente, tomou posse há menos de duas semanas“.
De acordo com a estrutura sindical, esta intenção, “com impacto primordial na TSF e no JN, é verdadeiramente inadmissível e deve fazer pensar as pessoas e as instituições deste país, pois, por coincidência, vai afetar mais dois dos órgãos que mais têm tentado dignificar as condições de trabalho e dos trabalhadores e com isso a defender o jornalismo de qualidade”.
O SJ acrescenta que “segundo os números conhecidos, significa o fim do jornalismo em dois títulos do GMG“, o Jornal de Notícias, “o único com resultados positivos todos os anos e uma referência nacional com origem no Norte, anos a fio líder de audiências” e a TSF, “uma das rádios mais prestigiadas e mais ouvidas em Portugal, também uma referência de qualidade e seriedade”.
“Despedir jornalistas em títulos já carenciados de recursos humanos é impensável, inacreditável e ignóbil, e torna o exercício do jornalismo inviável. E um contrassenso, quando a medida é anunciada menos de duas semanas depois do reforço do Diário de Notícias, outro título do grupo, com vários jornalistas”, refere o SJ.
A estrutura sindical acrescenta que “é uma atitude impensável ainda há menos de um mês, quando a administração, em reunião com o SJ, disse que estava aqui para investir e fazer crescer”. A esse respeito, lembra a garantia de José Paulo Fafe e de Paulo Lima de Carvalho, em representação do fundo World Opportunity (WO), que comprou a maioria do capital a Marco Galinha, de que “o novo acionista não vinha para destruir, mas para construir”.
“Mas faz saber o contrário, menos de um mês depois deste encontro”, lamenta o SJ.
“O despedimento de 150 pessoas num grupo como o GMG, que tem cerca de 500 trabalhadores, é apenas a repetição de uma fórmula gasta e com (maus) resultados comprovados: cada vez que se reduzem os quadros de pessoal para poupar dinheiro, empobrece-se o produto final e as receitas caem mais, entrando-se numa espiral negativa e de quebra que acaba por redundar em mais despedimentos, piores resultados e mais despedimentos, e por aí fora”, continua o sindicato.
O SJ deixa ainda críticas ao novo presidente do Conselho de Administração do Global Media, José Paulo Fafe, por ter desmentido, em declarações a meios de comunicação social, o que “a administração anunciou de viva voz a vários representantes de trabalhadores no grupo”, referindo que os despedimentos são apenas “uma hipótese teórica”.
Em face de tudo isto, a estrutura sindical afirma que “a atual administração devia retratar-se, garantir os postos de trabalho, agir em conformidade e pedir desculpa ao Sindicato dos Jornalistas pelas garantias que não vai cumprir, aos potenciais investidores por usaram o nome do World Opportunity (WO) em vão ao anunciar um projeto de investimento para o qual, aparentemente, não tinham apoio ou por terem desbaratado a alegada vontade do WO de investir de forma séria num projeto que podia ser viável; ainda ao presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a quem a administração do GMG apresentou um plano expansionista e cor de rosa há menos de 15 dias e agora anuncia um despedimento coletivo de 1/3 dos trabalhadores”.