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Iniciativa Europeia de Cidadãos para acabar com pesticidas sintéticos já tem 750 mil assinaturas

O abaixo assinado internacional visa proteger as abelhas e os agricultores, exigindo o fim da utilização de pesticidas sintéticos, como o glifosato. No próximo ano a UE vai decidir a renovação da licença do pesticida da Monsanto por mais 15 anos.
Iniciativa Europeia de Cidadãos para acabar com pesticidas sintéticos já tem 750 mil assinaturas. Fotografia: Flickr/Mike Mozart

A Iniciativa Europeia de Cidadãos (IEC) “Salvemos as abelhas e os agricultores!” tem de obter um milhão de assinaturas até 30 de setembro para ser considerada válida. Neste momento, já conta com mais de 750 mil subscritores de mais de 8 países europeus. Quem desejar assinar pode fazê-lo aqui

Proibir a utilização de pesticidas sintéticos

A IEC exige à UE que proíba progressivamente a utilização de pesticidas sintéticos na agricultura, de forma a pôr um travão à crise na biodiversidade. Um dos pesticidas que será alvo desta interdição é o glifosato, da multinacional Monsanto (comprada pela Bayer em 2018). 

O que torna esta iniciativa tão importante é o facto de a Comissão Europeia ter estabelecido como objetivo reduzir para metade a utilização de pesticidas. Mas no próximo ano a União Europeia terá de decidir a renovação da licença comercial por mais 15 anos do glifosato e parece estar a pender para a sua aprovação. Devido à pressão da indústria de pesticidas, já foi publicado um relatório europeu que afirma que não há sinais de que o glifosato cause cancro ou quaisquer outros problemas.

Rejeição cada vez maior do glifosato

O glifosato, conhecido pelo nome comercial Roundup é o herbicida mais utilizado no país e no planeta. Está na agricultura e é aplicado pelas autarquias nos jardins, praças, passeios, estradas e cemitérios. A Organização Mundial de Saúde considera-o potencialmente carcinogéneo e relaciona-o com um dos cancros mais comuns no país. Até tampões e pensos higiénicos contém resíduos de glifosato.

Apesar dos riscos do glifosato para a saúde humana e dos inúmeros processos que a Bayer enfrenta por sua causa, a gigante química da Alemanha quer continuar a produção e venda do herbicida. E nem sequer planeia colocar uma advertência nas embalagens do Roundup sobre eventuais riscos de cancro. 

Porém, a rejeição do herbicida potencialmente cancerígeno é cada vez maior, sobretudo na Europa. Em julho de 2019, a Áustria foi o primeiro país da União Europeia a banir o glifosato completamente, por decisão parlamentar, e em janeiro deste ano foi a vez do Luxemburgo tomar igual medida. A Alemanha decidiu, em 2019, tomar medidas para a redução sistemática do glifosato, a partir deste ano, e bani-lo definitivamente a partir de 2023.

Pesticida continua presente em Portugal

Em Portugal, a proposta para proibir o uso glifosato em espaços públicos como jardins, parques infantis, hospitais, lares de idosos, escolas ou parques de campismo, foi a votos no parlamento em 2016, por iniciativa do Bloco de Esquerda e foi chumbada com os votos da direita e do PCP. Meses depois, o governo retomou a medida através de um decreto-lei, proibindo o uso de fitofármacos naqueles espaços públicos, salvo autorização da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, mas ainda assim continua a ser detetado na população.

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