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"Impulso Jovem" criou dois postos de trabalho por dia

Anunciado em junho pelo Governo com grande pompa e 344 milhões de euros ao dispor, o programa que reduz a taxa social única às empresas que contratem jovens desempregados tem por objetivo empregar 89 mil jovens até ao fim de 2013. Mas a manter-se o ritmo deste "impulso", o programa teria de vigorar até ao ano 2093.
Foto Paulete Matos.


Quando apresentou as linhas gerais do 'Impulso Jovem' ao Parlamento, Miguel Relvas dizia que este programa "não é para inglês ver, mas para português fazer". Com um fundo comunitário de 344 milhões de euros para gastar, o programa desdobra-se em modalidades com nomes atrativos como "Passaporte Emprego", "Passaporte Emprego Economia Social", "Passaporte Emprego Agricultura" ou "Passaporte Emprego Associações e Federações Juvenis e Desportivas".

Mas ao fim das primeiras semanas de aplicação, o resultado dificilmente podia ser mais negativo: dos 35 jovens empregados com recurso aos apoios do "Impulso Jovem", 24 foram contratados a prazo. Apesar de oferecer às empresas uma isenção até 100% nas contribuições para a Segurança Social, o teto de 175 euros mensais torna o programa apetecível para quem queira empregar jovens com baixo salário, já que a partir de 700 euros de salário mensal, o benefício esbate-se à medida que a taxa de isenção diminui.

"Além de destruir a carreira contributiva dos jovens desempregados e de descapitalizar a Segurança Social, devido à legislação ser mal feita, os patrões não têm de criar postos de trabalho líquidos, pelo que podem simplesmente despedir alguém que já estivesse na empresa para substituí-lo por pessoas em “Impulso Jovem” a preços de saldo subsidiado pelo Estado", denunciou a Associação de Combate à Precariedade - PI.

Mas nem isso parece motivar os potenciais empregadores, com o Governo a prometer agora lançar uma ofensiva de propaganda da medida em setembro, incluindo a abertura de um portal eletrónico para candidaturas, uma forma de encontrar potenciais interessados e cumprir a meta de empregar 89 mil jovens desempregados até ao final do ano que vem. "A este ritmo estonteante, estes 89 mil jovens estarão todos integrados no mercado em… 2093!", comenta a associação de precários, que acusa o Governo de "continuar a criar empresas subsídio-dependentes" enquanto a sua propaganda repete "que são os pobres que vivem de subsídios".

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