Importância estratégica da TAP não é só o aeroporto e o hub

01 de junho 2023 - 18:07

Mariana Mortágua reuniu com o movimento "Não TAP os olhos", que denunciou o crime da anterior privatização. E acusou António Costa de estar a adiar o desfecho da atuação ilegal do SIS.

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Mariana Mortágua
Mariana Mortágua. Foto de Ana Mendes

Mariana Mortágua recebeu esta quinta-feira elementos do movimento "Não TAP os olhos", que defende uma TAP sob gestão pública e lembrou que este movimento se opôs à privatização em 2015 e "denunciou o crime que significava essa privatização", regressando agora para "alertar-nos para a nova privatização e as suas consequências".

Do lado deste movimento, António Pedro Vasconcelos recordou que "dois dias depois da TAP ter sido entregue ao Sr. Neeleman pela calada da noite, apresentámos uma queixa-crime. Quatro anos e meio depois, recebemos a resposta a dizer que a queixa tinha sido arquivada". O cineasta diz não ter motivos para elogiar a justiça portuguesa, acrescentando que alguns dos episódios em torno do negócio dos aviões e desta privatização que agora chocam muita gente já tinham sido denunciados na altura nessa queixa que acabou arquivada.

Mariana Mortágua destacou os principais argumentos deixados pelos que se opõem a uma nova privatização da transportadora érea nacional. Em primeiro lugar, o de que é falsa a ideia de que a empresa é um "sorvedouro de dinheiros públicos", dado que "a TAP nunca ficou com um cêntimo dos contribuintes até à pandemia", pois até então eram proibidas as ajudas do Estado. Em segundo lugar, "o erro que seria uma privatização agora que a TAP está a dar lucros e a recuperar porque teve apoio do Estado" durante a pandemia, à semelhança do que fizeram quase todos os países quando o setor da aviação paralisou. E em terceiro lugar, "a importância estratégica da TAP não é só o aeroporto e o hub", pois  a TAP "paga Segurança Social em Portugal, paga impostos em Portugal, faz compras em Portugal e serve fornecedores em Portugal", o que  não acontece com a Ryanair ou a EasyJet "e os números estão aí para o demonstrar", afirmou a coordenadora do Bloco de Esquerda.

Questionada pelos jornalistas sobre as respostas do primeiro-ministro às questões do PSD sobre a intervenção do SIS na recuperação do computador na posse do adjunto do ministro das Infraestruturas, Mariana Mortágua acusou António Costa de "ir adiando o problema", ao não dar explicações conclusivas.

"Só Constança Urbano de Sousa [a ex-ministra que preside ao Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa] e o primeiro-ministro é que ainda não perceberam que a atuação do SIS é ilegal", afirmou a coordenadora bloquista.

Para Mariana Mortágua, só há duas saídas para a situação criada: "ou alguém do SIS vem assumir responsabilidades porque agiu sem ter recebido ordens do gabinete do primeiro-ministro e é demitido; ou alguém do Governo deu uma ordem ao SIS e deve assumir a responsabilidade e ser demitido das suas funções".

"Portugal tem um serviço de informações, não tem uma polícia secreta que atua fora da lei pela vontade do Governo em qualquer circunstância. É importante que o primeiro-ministro esclareça em vez de ir adiando o problema", pois "este caso já devia ter sido resolvido há muito tempo", acrescentou a coordenadora bloquista, sugerindo que a audição do secretário de Estado adjunto Mendonça Mendes na próxima semana "devia ser o derradeiro momento em que todas as explicações são dadas" e assim "passar àquilo que interessa, que é descobrir como é que as pessoas pagam o juro do seu crédito à habitação e como é que chegam ao fim do mês quando os preços do supermercado sobem e o salário não estica", concluiu.